Nas Regiões Norte e Nordeste, o percentual de trabalhadores sem remuneração foi maior que a média nacional, chegando a 15% e 16,8%, respectivamente. No Sul, 5,9% dos trabalhadores ficaram nessa situação, enquanto, no Centro-Oeste, o percentual atingiu 8,2%, e, no Sudeste, 11%.
Em números absolutos, o Sudeste somou 4,19 milhões de trabalhadores sem remuneração, enquanto, no Nordeste, foram 3,16 milhões. Menos populosas, as regiões Norte (953 mil), Sul (828 mil) e Centro-Oeste (591 mil) tiveram números menores.
O grupo sem remuneração corresponde a 51,3% dos trabalhadores afastados de suas atividades no mês de maio, contingente que soma 19 milhões de pessoas, ou 22,5% da população ocupada. Os setores com mais afastamentos são: outros serviços (37,8%), serviço doméstico (28,9%) e alojamento e alimentação (28,5%). As atividades de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foram as menos afetadas, com 6,8% de afastados.
O trabalho remoto foi adotado por 8,7 milhões de trabalhadores, o que equivale a apenas 13,3% da população que continuou trabalhando em maio. O home office foi mais comum entre os trabalhadores de nível superior (38,3%), enquanto as demais faixas de escolaridade ficaram bem abaixo: 0,6% no nível fundamental incompleto, 1,7% no fundamental completo, e 7,9% no médio completo. O trabalho remoto também foi mais comum entre as mulheres (17,9%) que entre os homens (10,3%).
Renda
Outro efeito da pandemia foi a redução de horas trabalhadas, que atingiu 18,3 milhões de trabalhadores. Por outro lado, 2,4 milhões de pessoas trabalharam mais horas que o habitual no mês de maio.
Os impactos se refletiram na renda dos trabalhadores. O rendimento médio de todos os trabalhos caiu 18,2% em maio, de R$ 2.320 para R$ 1.899. Tal perda de renda chega a quase 20% nas Regiões Nordeste e Sudeste, e é menos intensa no Centro-Oeste, onde a diferença foi de 14,4%.
Segundo o IBGE, 10,1 milhões de pessoas procuraram trabalho em maio e não encontraram, e 26,9 milhões não procuraram, mas gostariam de trabalhar.
Auxílios
A pesquisa do IBGE também constatou que 38,7% dos domicílios brasileiros receberam algum auxílio relacionado à pandemia, como o auxílio emergencial e a complementação do governo no Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda. O valor médio pago a esses domicílios foi de R$ 847.
O percentual de domicílios auxiliados é maior no Norte (55%) e Nordeste (54,8%), e menor no Sul (26%). Centro Oeste (36,7%) e Sudeste (31,3%) ficaram mais perto da média nacional. O valor médio pago também é maior no Norte (R$ 936) e menor no Sul (R$ 772).
Sintomas de Covid-19
A PNAD Covid-19 levantou em suas entrevistas o número de pessoas que tiveram sintomas associados à covid-19. Os entrevistadores perguntaram se, na semana anterior à visita, algum dos moradores dos domicílios teve algum dos seguintes sintomas: febre, tosse, dor de garganta, dificuldade de respirar, dor de cabeça, dor no peito, náusea, nariz entupido ou escorrendo, fadiga, dor nos olhos, perda de olfato ou paladar e dor muscular.
O resultado foi que 11,4% declararam ter vivenciado um dos sintomas, e 2%, ou 4,2 milhões de pessoas, relataram sintomas conjugados que podem estar associados à covid-19.
O sintoma mais comum foi a perda de olfato ou paladar, em 1,8% das respostas, enquanto tosse, febre e dificuldade de respirar somaram 0,5% cada.
Entre as pessoas que apresentaram sintomas conjugados, 70% eram pretas ou pardas, grupos raciais que o IBGE classifica como negros. Os relatos também foram mais comuns entre mulheres (57,4%) e pessoas de 30 a 59 anos (55,2%). Idosos com 60 anos ou mais, considerados grupo de risco para covid-19, foram 11,1% das pessoas que declararam sintomas conjugados.
Atendimento
A pesquisa informa ainda que 3,8 milhões de pessoas buscaram atendimento em unidades de saúde por conta dos sintomas incluídos na pesquisa. Entre as pessoas que informaram sintomas conjugados, apenas 31,3% procuraram atendimento.
O Sistema Público de Saúde (SUS) foi procurado por três em cada quatro pessoas que buscaram atendimento, segundo a pesquisa. Entre as pessoas com sintomas conjugados, a procura pelo SUS somou 78,2%. Cerca de 45% foram a unidades de atenção primária.
Internações
O percentual de pessoas que relataram sintomas conjugados e chegaram a ser internadas foi de 13,5%, ou 61 mil pessoas em números absolutos.
O perfil dos hospitalizados é majoritariamente masculino (62,3%), negro (61,3%) e de idosos (40%). Entre as pessoas que foram internadas, 36% das que tinham sintomas conjugados precisaram ser sedadas, intubadas e colocadas em leitos com ventiladores mecânicos.