Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), localizada em Petrópolis, na zona leste de Natal - Reprodução Facebook
Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), localizada em Petrópolis, na zona leste de NatalReprodução Facebook
Por ESTADÃO CONTEÚDO
São Paulo - Um bebê prematuro morreu após um princípio de incêndio numa das alas da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), localizada em Petrópolis, na zona leste de Natal, na madrugada desta sexta-feira. O fogo começou na fiação do interruptor que fornecia energia elétrica para o aparelho de ar condicionado posicionado acima da incubadora na qual o bebê, do sexo masculino, estava internado havia quatro meses.
Conforme a assessoria de imprensa da maternidade, a criança era prematura extrema e tinha problemas de saúde diversos relacionados ao nascimento com apenas 24 semanas. Ela respirava e se nutria com a ajuda de aparelhos. A Maternidade Escola Januário Cicco é referência no Rio Grande do Norte para o atendimento de parturientes de alto risco e de bebês de prematuridade extrema.
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Segundo relatos de trabalhadores que estavam de plantão ao longo da madrugada desta sexta-feira, que pediram sigilo de identificação, a fumaça foi vista saindo do interruptor e subindo para o aparelho de ar condicionado. Era 3h05 quando começou uma correria para a remoção dos bebês da ala atingida pelo fogo.
A assessoria de imprensa da maternidade confirmou que a fiação do prédio é antiga, mas que o "princípio de incêndio" foi prontamente controlado. A incubadora na qual estava o bebê que morreu foi desconectada dos pontos de fornecimento de oxigênio e alimentação parental, para que uma tragédia maior fosse evitada.
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Entretanto, a equipe de profissionais de saúde não teve tempo de reconectar a incubadora em outro ponto de oxigênio. O bebê prematuro extremo chegou a ser reintubado, mas teve uma parada cardíaca e morreu.
O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 3h30 para atender a ocorrência. Em menos de cinco minutos após o chamado, cinco bombeiros chegaram ao local, mas o princípio de incêndio já havia sido controlado. No entanto, assim que os bombeiros chegaram, foram informados pela equipe da maternidade que um bebê recém-nascido veio à óbito.
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Na UTI neonatal há duas alas com 26 leitos, que ficam praticamente 100% ocupados frequentemente. Quando o incêndio começou, todos os bebês foram transferidos para outra área a tempo, conforme informou a maternidade, sem precisar o número exato de bebês internados no momento.
A instituição dará uma entrevista coletiva aos jornalistas para mais detalhes sobre as causas do acidente que estão sendo apuradas.
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Prédio antigo

Considerada a mais importante maternidade do Estado, a Escola Januário Cicco é sediada num prédio histórico, construído na década de 1920. Já serviu como Quartel General e Hospital de Campanha do Exército Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial, quando Natal foi base militar dos Estados Unidos. Em 2013, a MEJC passou a fazer parte do grupo de hospitais sob a gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) utiliza a estrutura da unidade para aulas práticas de cursos diversos da área da Saúde.

Outro caso

No dia 27 de outubro, um incêndio atingiu o Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio. Ao menos 16 pessoas morreram após transferência para outros hospitais. O fogo começou no prédio 1 da unidade, no qual se localizam as enfermarias e o CTI Os bombeiros foram acionados por volta das 9h50 para atendimento da ocorrência. Segundo os Bombeiros, os pacientes foram retirados do local e levados ao prédio 2 e a outras unidades de Saúde. A maior parte foi para o próprio hospital, enquanto outros tiveram que ser transferidos para outros hospitais com o auxílio do Samu.

Incêndios em hospitais são cada vez mais frequentes no Brasil porque falta manutenção preventiva em sistemas elétricos e de ar-condicionado. A maioria dos prédios é antiga e não tem instalações adequadas para equipamentos cada vez mais modernos, como os de UTI. Falta conscientização dos gestores sobre riscos nas unidades de saúde, onde a fiscalização é falha. Além disso, as equipes têm pouco treinamento específico.