A cardiologista e intensivista Ludhmila Hajjar recusou convite para ministério
A cardiologista e intensivista Ludhmila Hajjar recusou convite para ministérioReprodução
Por ESTADÃO CONTEÚDO
São Paulo - A cardiologista Ludhmila Hajjar rejeitou ser a quarta chefe do Ministério da Saúde. Em entrevista à CNN e posteriormente a GloboNews, ela disse ter levado em conta divergências e questões técnicas para rejeitar o convite de Jair Bolsonaro, mas diz que segue respeitando o presidente. Uma dessas diferenças, por exemplo, é o uso da cloroquina no tratamento da covid-19, o que hoje a médica reconhece não haver eficácia científica.

"Muitos de nós já prescrevemos cloroquina, até que fomos lidando com resultados e estudos mostraram a não eficácia", disse. "Acho que o presidente está preocupado com o País e, por isso, passou a ouvir e convidar médicos e que ele vai encontrar uma pessoa", afirmou. Ela, no entanto, defendeu que o enfrentamento da pandemia deixe de ser algo político. "Não é de um governo estadual, federal, é de todos." O atual ministro Eduardo Pazuello também participou da conversa entre a médica e Bolsonaro. "Pazuello se colocou à disposição de quem quer seja o próximo a assumir a cadeira", disse.

A médica disse ainda ter sofrido ameaças desde que seu nome foi cotado para assumir a vaga. "Realmente foi assustador. Está sendo, porque eles não terminaram. Mas eu tenho muita coragem, e pelo Brasil eu estava disposta a passar por isso. Mas isso me assustou. Criaram perfis falsos meus em Twitter, perfis falsos em Instagram. Divulgaram meu celular em redes sociais. Imagina, eu sou uma médica, eu preciso do meu telefone para atender meus doentes. Eu recebo mais de 300 chamadas. Ameaças de morte. Houve uma tentativa de entrar no meu hotel no qual eu estou em Brasília. Houve ameaças à minha família. Então, tudo o que você imaginar de pessoas que eu só posso considerar que estejam lutando para o Brasil dar errado eu sofri", disse.

Cardiologista respeitada na comunidade médica e também na classe política, Ludhmila afirmou que o presidente Bolsonaro, ao saber da campanha de ódio feita contra ela, disse apenas que "faz parte". E que, diante da falta de "convergência técnica" entre ela e o governo, afirmou que não pôde aceitar o convite.

Erros

Ludhmila Hajjar disse também que o Brasil errou no combate à pandemia do novo coronavírus. "Até o momento, o Brasil errou no combate à pandemia. Precisa de uma virada de entendimento, de ações. Hoje estamos pagando o preço. Correndo atrás de uma maneira tardia, com muita gente morrendo", afirmou a médica. 
A médica também comentou que "assuntos como cloroquina, como se acredito em lockdown, são secundários, não deveriam estar sendo discutidos. Lockdown é demonstrado cientificamente que salva vidas", disse.
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A cardiologista defendeu "centralização" de ações no ministério para auxiliar prefeitos e governadores em decisões duras, como decretar um lockdown. Ela disse reconhecer que há impacto social e econômico por este tipo de medida, mas que "não há outro jeito" em alguns casos. 
 
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*Com informações do Estadão Conteúdo