Publicado 07/03/2021 09:00
Uma das capitais brasileiras em maior dificuldade neste momento, Porto Alegre enfrenta situação de extrema gravidade com a covid. "As UTIs estão lotadas, com sobrecarga extrema do sistema de saúde. O maior hospital privado da capital gaúcha teve que alocar contêineres para colocar os mortos", lamenta Paulo Petry, mestre e doutor em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
"A situação de uma forma geral se repete no estado. O momento é dramático, sem dúvida. Essas novas cepas que vieram de Manaus já estão em transmissão comunitária no Rio Grande do Sul. São muito mais transmissíveis, mais resistentes aos anticorpos, driblam o sistema imunológico", acrescenta.
Ele lamenta o ritmo da vacinação no país: "Está muito lento. Quanto mais tempo o vírus circula, maior a probabilidade de mutação. E isso pode inviabilizar até mesmo as vacinas. Esse é um drama, uma triste possibilidade". Petry destaca que, em todo o Brasil, houve aglomerações no fim do ano e no Carnaval. "O litoral gaúcho reúne pessoas de todo o estado. Elas vieram, se aglomeraram, regressaram para as suas cidades e espalharam o vírus". E faz um alerta para o Rio de Janeiro: "O município precisa ficar atento porque recebe visitantes de todo o país".
A falta de comando do governo federal e do Ministério da Saúde também é motivo de crítica. "Temos um presidente negacionista, que desdenha das vacinas, das máscaras e promove aglomerações. Precisamos de vacinas, seja qual for a nacionalidade. Não há outro caminho", conclui.
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