Diretor-presidente do Butantan, Dimas Covas Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Por iG
Publicado 27/05/2021 10:56
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou no início de seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta quinta-feira, 27, que o Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a começar a vacinar contra a Covid-19, mas que não o fez porque não havia um contrato com o Ministério da Saúde.

"Em dezembro [de 2020], estávamos com mais de 5 milhões de doses de vacinas prontas, estocadas no Butantan, e 4 milhões em processamento. O mundo começou a vacinação no dia 8 de dezembro. No final do mês, o mundo tinha aplicado pouco mais de 4 milhões de doses. Mas nós [o Butantan] estávamos mas sem contrato com o Ministério da Saúde", afirmou o Covas. 
Covas deu início ao seu depoimento reforçando a credibilidade nacional e internacional da qual goza o Instituto Butantan e falando sobre o trabalho que a instituição desenvolve há anos na produção de vacinas e imunizantes, se destacando como um dos maiores produtores do hemisfério sul e do mundo. “Nós só temos um único cliente: o Ministério da Saúde”, afirmou.

"A inexistência de um contrato com o Ministério [da Saúde], o nosso único cliente colocava uma incerteza em relação ao financiamento [das vacinas]. E nós já tínhamos contratado parte importante do projeto com a Sinovac. O Governo de São Paulo deu todo o apoio, mas imediatamente outros estados também, 17 demonstraram intenção de aquisição do imunizante", declarou Covas.

Há uma expectativa de que ele apresente documentos que provam que o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, não enviou recursos para teste e fabricação da CoronaVac. E também que aponte que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rejeitou a compra das vacinas produzidas em São Paulo em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
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Covas tem registros de ofícios enviados ao Governo Federal em julho, agosto e outubro de 2020 - todos endereçados a Pazuello - e ignorados. De acordo com o instituto, as ofertas envolviam a entrega de 60 milhões de doses da CoronaVac. A assinatura do atual contrato entre as partes foi realizado somente em janeiro deste ano.
Outros temas que devem ser questionados na CPI:

- O impacto da política externa brasileira e das declarações do governo federal no recebimento de insumos farmacêuticos para produção da CoronaVac;
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- Omissão ou inação do Ministério da Saúde, ou do Planalto, na produção e distribuição das doses;
- Resistência ou desconfiança do governo federal no trabalho do Butantan;
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- Detalhes do desenvolvimento da ButanVac, vacina brasileira contra o novo coronavírus.
Covas será o décimo depoente na comissão parlamentar de inquérito. O presidente do Butantan é ligado ao governador do estado de São Paulo, João Dória (PSDB), desafeto do presidente Jair Bolsonaro.
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