De acordo com um dos pesquisadores do estudo, Julio Croda, todas as vacinas aplicadas no país possuem grande eficácia na prevenção de hospitalização e óbitos, mas é preciso ainda realizar novas pesquisas com outras vacinas contra a covid-19 para entender qual tipo tem maior proteção para cada grupo.
"No momento há outros dois estudos em andamento, um ocorre em Manaus e analisa a eficácia da Astrazeneca em hospitalização e óbito e o outro estudo acontece em São Paulo, que analisa a eficácia da Coronavac. Nesse estado, a maioria dos idosos foram vacinados com a Coronavac. Após o resultado desses dois estudos, vamos entender qual seria a melhor vacina para ser aplicada neste grupo prioritário", diz o especialista. Julio Croda reafirma que enquanto os estudos não são concluídos é preciso que a população no geral não deixe de tomar a segunda dose.
"A vacina pode prevenir o óbito, mas tem o adoecimento ainda. É preciso seguir com os cuidados, usar máscara, evitar aglomeração e manter o distanciamento social, mesmo já tendo tomado a vacina", alerta.
Não existe recomendação de revacinação no momento
De acordo com Croda, pesquisador da Fiocruz, a baixa efetividade no grupo acima de 80 anos intensifica o debate sobre a revacinação, mas ele alerta que quem vai determinar a necessidade deste feito será o Plano Nacional de Vacinação do país. "Muito provavelmente a revacinação será avaliada no país e isso é normal. A Inglaterra, por exemplo, já planeja a revacinar um grupo prioritário. O CEO da Pfizer também já colocou como projeção ter uma dose extra da vacina contra a covid-19", explica.
O especialista listou ainda três fatores que sustentam o plano de revacinação em todo o mundo: comprovação de que uma vacina específica é melhor aceita em determinado grupo, quebra da imunidade devido a fatores específicos de cada grupo e o surgimento de novas variantes.
No caso de Nelson Sargento, o estado é estável, no entanto, devido ao histórico de paciente oncológico, o baluarte da Mangueira requer cuidados especiais e por isso procurou atendimento no INCA. Nelson Sargento foi um dos primeiros idosos da cidade do Rio a ser imunizado com a Coronavac, em 31 de janeiro, no Palácio da Cidade. A segunda dose foi aplicada no dia 26 de fevereiro.
Sobre este caso, Julio Croda explica que eventualmente podem acontecer registros de casos de idosos que tomaram as duas doses e mesmo assim foram hospitalizados. "Não é o que gostaríamos, mas pode acontecer. Mas que não seja frequente", disse.
De lá para cá, de acordo com o Vacinômetro do estado do Rio de Janeiro, 349.755 mil idosos entre 80 a 89 anos receberam a primeira dose e 214.676 receberam a segunda dose. Cerca de 23.936 mil idosos de 90 anos ou mais receberam a primeira dose e 14.338 receberam a segunda dose. Os dados foram coletados até a tarde desta quarta-feira (26).
Segundo a Secretaria de Saúde do Estado do Rio, 12.707 idosos acima de 80 anos morreram com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Já o número de pessoas internadas com SRAG chegou a 11.596. Até o momento, 49.899 pessoas morreram com covid-19 no estado o Rio.