A CPI da Covid dividiu a investigação sobre suposta omissão e corrupção do governo federal na pandemia em subgruposJefferson Rudy/Agência Senado
Outro núcleo vai investigar a atuação de intermediários na compra de vacinas. Essa frente de apuração ficará com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI.
Outro grupo vai mirar nas denúncias feitas pelo ex-governador do Rio Wilson Witzel, sobre possíveis irregularidades na administração de hospitais federais fluminenses. Essa parte da investigação, que vai avaliar contratos e vínculos de organizações sociais com os hospitais, ficará a cargo do senador Humberto Costa (PT-PE).
Witzel falou à CPI em 16 de junho. No depoimento, disse que os hospitais do Rio tinham "um dono". "Os hospitais federais, os hospitais federais são intocáveis, ninguém mexe ali. Tem um dono, e esta CPI pode descobrir quem é o dono daqueles hospitais federais", declarou na ocasião.
Costa também ficará com a investigação sobre os ganhos milionários de farmacêuticas com a venda de medicamentos com ineficácia comprovada contra a covid. Remédios como cloroquina e ivermectina compõem o tratamento precoce contra a doença e são incentivados pelo presidente Jair Bolsonaro. A CPI quer saber quem faturou com a venda desses medicamentos.
Outra linha de investigação vai focar no negacionismo do governo federal no enfrentamento da pandemia e na propagação de fake news. Estes temas ficarão a cargo do relator do colegiado, Renan Calheiros, e do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
A CPI já identificou 68 perfis em redes sociais como Instagram e Twitter e, agora, vai atrás dos donos. A investigação aponta que contas se dedicavam a compartilhar fake news sobre o tratamento da covid.
Os senadores estão apurando também palestras sobre a doença financiadas pelo Ministério das Relações Exteriores, por meio da Fundação Alexandre Gusmão. Um dos vídeos, que acabou sendo removido pelo YouTube, falava sobre a "nocividade do uso de máscaras".
Parte da apuração é também seguir o caminho do dinheiro das fake news e mapear os pagamentos da Secretaria de Comunicação para agências de publicidade e, em seguida, para pessoas e influenciadores que faziam campanha pela cloroquina e contra a vacina e incentivavam a população a ir para as ruas, contrariando as orientações de isolamento social.
Outro núcleo, do qual a senadora Eliziane Gama fará parte, vai investigar as novas denúncias de corrupção envolvendo a empresa VTCLog, atual encarregada da logística do Ministério da Saúde para a entrega de vacinas. A CPI apura se os contratos fechados pela empresa foram superfaturados.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) ficou responsável por um subgrupo que vai apurar o aplicativo TrateCov, lançado pelo Ministério da Saúde para orientar o enfrentamento da covid-19 com antibióticos, cloroquina, ivermectina e outros fármacos; a omissão e a negligência na compra de vacinas; e o estímulo à imunidade de rebanho ou coletiva e a crise do oxigênio em Manaus, em janeiro. O senador também vai apurar o negacionismo na pandemia.
Dados
A investigação da CPI tem a ajuda ainda de policiais federais, que estão auxiliando no cruzamento de dados e no mapeamento de relações entre os alvos. O período de recesso da CPI vai ser aproveitado pelos núcleos para acelerar a apuração dos senadores Os subgrupos terão suas frentes de investigação, mas poderão contribuir uns com os outros.
No domingo, Bolsonaro voltou a negar irregularidades na compra de vacinas por parte do Ministério da Saúde e defendeu a atuação do ex-ministro Eduardo Pazuello.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.