Governador João Doria Divulgação

São Paulo - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse ver com ceticismo a realização de reunião entre os gestores estaduais e o presidente Jair Bolsonaro a fim de apaziguar os atritos institucionais no país. Ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Doria disse na noite desta segunda-feira, 23, que não espera nada do encontro, "nem sequer que aconteça".
Nesta segunda-feira, o governador de São Paulo participou de encontro do Fórum dos Governadores que reuniu gestores de 24 Estados e do Distrito Federal. No encontro, os governadores decidiram propor ao presidente e aos outros chefes de Poderes uma espécie de reunião de pacificação e de normalização institucional do país. Entre os chefes estaduais, houve consenso de que o atual clima de instabilidade política é prejudicial para todos.
Publicidade
Segundo Doria, Bolsonaro é refratário e não gosta de diálogo. O governador de São Paulo disse também que o presidente é autoritário, negacionista e, ao seu ver, psicopata. "Sou a favor de gestos e diálogo, mas de Bolsonaro não espero nada."
Na entrevista, o tucano descartou a possibilidade de ser procurado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em busca de apoio para as eleições de 2022. "Lula não vai me procurar. Não preciso me preocupar. Ele sabe minha opinião sobre ele", disse Doria. "Luiz Inácio Lula da Silva cometeu roubo. Assaltou o dinheiro público do país", disse o governador.

Nesta segunda, Lula compartilhou foto ao lado do senador tucano Tasso Jereissati (PSDB-CE) após se reunir com ele. Segundo publicação nas redes sociais, Lula disse que a conversa girou em torno da defesa da democracia. Em visita ao Nordeste, o ex-presidente tem se reunido com lideranças políticas em busca de apoio para o pleito do próximo ano.

Durante a entrevista, Doria reforçou elogios a Tasso, a quem chamou de "brilhante senador e brilhante governador", e, apesar das críticas a Lula, atribuiu o encontro ao caráter democrático do partido. O governador, que deve disputar as prévias da legenda em busca da indicação para se candidatar à Presidência, também disse que não depende de seu padrinho político Geraldo Alckmin, mas que o respeita. Alckmin, um dos fundadores do PSDB, deve deixar o partido por atritos com o governador paulista e aliados dele.

Guedes

O governador de São Paulo também disse que não vê o ministro da Economia, Paulo Guedes, com "autoridade que precisaria ter para conduzir a economia do país". Doria destacou que o ministro mudou de posição desde que assumiu o cargo, e disse que esperaria de Guedes coerência que o ministro não teve.

Durante a entrevista no Roda Viva, o governador de São Paulo também criticou decisões da equipe econômica do governo federal, entre elas a proposta de parcelamento de precatórios para ampliar espaço fiscal ou a possibilidade de furar o teto de gastos.

Doria atribuiu à reforma administrativa e de benefícios fiscais que sua gestão promoveu em São Paulo o espaço orçamentário para a ampliação de programas sociais no estado. Segundo o governador, São Paulo nunca deu ou dará calote, não irá furar o teto de gastos ou desobedecer política fiscal. "São Paulo fez a reforma e por isso pode fazer políticas sociais amplas", destacou sobre lei aprovada e sancionada que cortou benefícios fiscais e reduziu o número de estatais.

No início do mês, Doria anunciou a ampliação de programas sociais estaduais por meio do Programa Bolsa do Povo, que reúne diferentes tipos de benefícios. Apesar das críticas ao governo federal e à gestão econômica, Doria disse que preferiria não falar mal de Guedes por causa da relação respeitosa entre ambos.