CPI ouve o advogado, Marcos Tolentino da SilvaReprodução

Brasília - O advogado e empresário Marcos Tolentino da Silva presta depoimento à CPI da Covid, nesta terça-feira, 14. Ele é suspeito de atuar como “sócio oculto” da empresa FIB Bank, que teria fornecido à Precisa Medicamentos uma garantia irregular no fechamento do contrato da vacina indiana Covaxin. Em fala inicial à comissão, Tolentino afirmou que conhece Francisco Maximiano e o atendeu em uma ação pessoal, no entanto afirmou que não participou de nenhum negócio com a Precisa.

“O ex-ministro Pazuello e o Maximiano nunca estiveram na minha residência para tratar de compras de vacinas ou sobre qualquer consórcio Covaxin”, afirmou. Veja:
Segundo publicação da revista Piauí, o evento na casa do empresário teria acontecido em 28 de maio de 2020 e tinha como objetivo apresentar o então ministro da Saúde à Precisa Medicamentos.

Tolentino também afirmou aos senadores que não possui participação no quadro societário da empresa FIB Bank.

Segundo o empresário, ele se tornou sócio em um grupo de empresas com Edson Benetti, já falecido. Disse que fez parte da Benetti Prestadora de Serviços, mas que se desligou do quadro societário há 12 anos. A partir daí, segundo Tolentino, por ter imóveis, ativos e precatórios em comum com algumas empresas dessa antiga sociedade, ele possui procuração que o ligaria ao atual sócio, Ricardo Benetti.
Ainda de acordo com o empresário, ele não poderia ter atuado como intermediador da Precisa no contrato com o Ministério da Saúde pois, na época, o mesmo estava internado na UTI do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, com covid-19.
Relação com a FIB Bank

Após ser questionado pelo senador e relator da comissão Renan Calheiros (MDB-AL) sobre relação com a empresa Pico do Juazeiro, sócia da FIB Bank, Marcos Tolentino recorreu ao direito de permanecer em silêncio.

Em seguida, Calheiros exibiu vídeo e documentação que indicam que, em 2011, a Benetti Prestadora de Serviços passou procuração dando poderes a Tolentino para representar legalmente a Pico do Juazeiro. Confira:
"Em 2011 a Benetti passou uma procuração que dá poderes amplos e especiais a Tolentino em caráter irrevogável e irretratável para representá-lo na qualidade de cotista da empresa Pico do Juazeiro", afirmou o relator.
Anteriormente, o depoente ficou em silêncio após ser questionado sobre o real dono da FIB Bank. Renan Calheiros e outros senadores, como Tasso Jereissati (PSDB-CE), fizeram uma série de perguntas sobre as empresas de Tolentino e sua atuação como advogado.
Em resposta, ele admitiu que seu escritório de advocacia funciona no mesmo prédio de outras empresas sob suspeita dos parlamentares, entre elas a MB Guassu, que integralizou capital de R$ 7 bilhões para a FIB Bank a partir de um terreno. No entanto, se recusou a revelar o nome do dono do banco, sob alegação de que esta seria uma informação pública.
Após a sequência de questionamentos envolvendo a FIB Bank e a dificuldade no entendimento da estrutura societária da empresa, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) apontou que a mesma é uma "empresa de prateleira", com formação de capital suspeita.
“O FIB Bank não existe, no próprio nome ele é falso. Ele não existe porque ele foi constituído por uma empresa de prateleira, cujos sócios eram laranjas e já foram à Justiça dizer que nunca foram sócios”
Para ilustrar a relação do depoente com a Benetti, o senador e presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), leu novamente o depoimento inicial de Tolentino, em que ele afirma que, apesar de ter se desligado do quadro da Prestadora de Serviços, outros negócios, direitos e bens derivaram da empresa. Assista:
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