A maioria dos "sumiços" aconteceram em São Paulo (235) e Rio de Janeiro (74). Bahia (19), Paraná (6) e Maranhão (2) completam a listaCaio Garin
Ao observar processos que constam no Sistema Eletrônico de Informações (SEI), o órgão chegou a identificar 4,8 mil aparelhos (72% dos procedimentos analisados) que não tinham informação sobre o receptor, além do sumiço constatado de 336 deles. O teor do documento, ao qual o Globo teve acesso, foi antecipado pelo “Jornal Nacional”.
Nos valores que constam na planilha elaborada pela Controladoria, conclui-se que, de um total de R$ 379 milhões em aparelhos, uma quantidade referente a R$ 273 milhões não constava como comprovadamente entregue. O ofício também criticou a forma como os registros foram feitos.
“Ressalta-se ainda que os comprovantes de entrega não detalham os números de série dos itens entregues aos destinatários. Esta ausência de controle é crítica especialmente nos casos em que os produtos de uma mesma nota fiscal foram entregues a mais de um beneficiário. Além disso, o detalhamento do quantitativo entregue ao beneficiário é por vezes confusa, pois há detalhamento de volume, que às vezes não é a mesma quantidade de respiradores. Ainda, o número da nota fiscal de referência por vezes não está claro, pois está escrito um número no item ‘nro (número) documento’ e outro no ‘observações’”, diz a CGU.
A partir do levantamento dos dados, a Controladoria-Geral da União resolveu, ainda, fazer uma pesquisa mais assertiva, buscando junto a 20 estados, com representantes de todas as regiões do Brasil, informações sobre recebimento de 1.376 dos respiradores que, sabia-se, tinham como destino estas localidades.
Mesmo neste universo de amostragem menor, os técnicos constataram que é desconhecido o paradeiro de 336 destes aparelhos — 24% do total, o que pode significar um prejuízo de R$ 18,2 milhões aos cofres públicos. A maioria dos “sumiços” aconteceram em São Paulo (235) e Rio de Janeiro (74). Bahia (19), Paraná (6) e Maranhão (2) completam a lista. Outros 884 foram achados (64%) e, em 156 dos casos analisados (11%), não houve resposta considerada conclusiva por parte dos estados procurados.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que está ciente da análise feita pela Controladoria-Geral da União e que vai se manifestar dentro do prazo estabelecido.
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