Brasília - Durante depoimento para a CPI da Covid, nesta quarta-feira, 29, o empresário bolsonarista Luciano Hang afirmou que não patrocinou o site do blogueiro Allan dos Santos, investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo que combate a divulgação de fake news. A afirmação foi dada após o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), divulgar mensagens entre Alan e o deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Na conversa exibida durante o depoimento, o blogueiro afirmava a Bolsonaro que havia conseguido patrocínio para o seu programa com o Hang.
O empresário esclareceu que costuma receber pedidos de patrocínio em larga escala, mas que encaminha para a avaliação de seu departamento de marketing para que este tenha a palavra final de possíveis acordos com o interesse da empresa. No caso do site de Allan dos Santos, ele assegurou que o departamento não formalizou o patrocínio.
Em outro momento, Hang afirmou que pagou um total de R$ 250 milhões em anúncios para a plataforma Google. Ele não revelou quais sites foram beneficiados com os valores, mas admitiu ter escolhido alguns dos canais.
"Podemos selecionar alguns. Claro que não vou botar [dinheiro] naqueles veículos que nos agridem, principalmente sites de extrema esquerda. Na iniciativa privada, quem escolhe os clientes somos nós", disse.
Quando foi questionado por Calheiros sobre a sua relação com a família Bolsonaro, Hang afirmou que é tem amizade e os encontra "de vez em quando".
Calheiros também exibiu um vídeo da campanha de 2018 e questionou Hang sobre um processo movido pelo Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina (MPT-SC) por intimidar os seus empregados com ameaça de fechamento em massa das suas lojas caso Jair Bolsonaro, então candidato à presidência, não fosse eleito. Ele confirmou a existência desse processo, mas se declarou inocente. Confira o momento:
Renan Calheiros questiona se Hang já ameaçou funcionários caso Bolsonaro não seja eleito. Hang nega. Assista:
"Jamais vou intimidar os meus colaboradores. São as pessoas que vão contar que tudo isso é mentira", declarou Hang.
O empresário admitiu, que durante a campanha presidencial de 2018, publicou uma postagem a favor de Bolsonaro com impulsionamento pago, nas redes sociais, porém ele afirmou que não sabia que o ato era proibido. Hang esclareceu que, após ter recebido uma advertência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), retirou a postagem e pagou uma multa.
"Pagamos o preço por isso, pagamos à Justiça, e, daí em diante, cuidamos com todo o zelo para que nada fosse feito errado", declarou o depoente desta quarta.
No entanto, o empresário negou qualquer ação no sentido de impulsionamento de mensagens no WhatsApp.
Ao responder a outra pergunta de Calheiros, Hang disse que não financiou atos antidemocráticas no dia 7 de setembro. Ele também afirmou que não financiou atos favoráveis a Bolsonaro e que nunca se reuniu com o presidente da República para tratar sobre a pandemia de covid-19.
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