Belém - Dois flagrantes de agressão contra pessoas em situação de rua chocaram as redes socias e viraram alvo de investigação da Polícia Civil do Pará. Nas gravações, seguranças particulares aparecem agredindo dois homens não identificados - em um deles, até uma arma de choques é utilizada.
O primeiro vídeo mostra a abordagem violenta dos vigias da Feira da 25, uma das mais tradicionais da capital do Pará, a um homem que dormia em uma estrutura de madeira. A vítima é acordada, retirada do local, acuada e agredida pelos seguranças.
"Por que vocês estão fazendo isso comigo? Todos os vigias me conhecem aqui. Vocês estão me espancando! Eu não sou marginal!" apelava o homem, enquanto era agredido com chutes, socos e golpes de cassetete.
Fato ocorrido em uma feira, na cidade de Belém, Pará. Os patifes uniformizados espancam covardemente o morador de rua. Tentativa de homicídio seria aplicável. pic.twitter.com/qUvhzCqdFi
No outro caso, um homem é agredido por seguranças em uma calçada, que pedem para que ele deixe o local. O suposto segurança usa uma máquina de choque para derrubá-lo, e dá vários chutes assim que ele cai no chão. A denúncia foi compartilhada pelo Padre Júlio Lancellotti nas redes sociais.
Sobre o primeiro caso, a Feira da 25 afirmou que a empresa de segurança, identificada como Braga Segurança Patrimonial, não presta serviços para o local, segundo apurou a Folha. A empresa disse que os seguranças atuavam nas ruas do bairro, que "não compactua com esse tipo de procedimento", e que os envolvidos foram demitidos.
O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL) classificou a agressão como tortura, e pediu a punição dos responsáveis. "Recebi imagem de uma ação criminosa cometida por verdadeiros milicianos, funcionários de uma empresa privada. É revoltante e inadmissível. Notificamos os órgãos competentes, apelo para que a Secretaria de Segurança e o Ministério Público que investigue e puna no rigor da lei os responsáveis".
A Arquidiocese de Belém repudiou os atos de violência em nota. "Buscamos através do trabalho de nossas Pastorais, incansavelmente, promover o bem-estar de moradores de rua, pessoas abandonadas ou à margem da sociedade".
À Folha, a polícia Civil do Pará informou que investiga os casos e que instaurou um inquérito para apurar as agressões e identificar seus autores.