Sessão do Plenário da Câmara dos DeputadosAgência Câmara de Notícias
“Como nós não temos as comissões instaladas, vamos autorizar a formação de um grupo de trabalho com, em tese, 20 deputados – na proporção de 13 deputados da maioria e 7 da minoria – com prazo acertado entre os líderes de 30 dias para que o projeto venha ao Plenário na primeira quinzena de abril”, disse.
Barros afirmou ainda que a mineração em terras indígenas é uma realidade que precisa ser regulamentada e fiscalizada. “Vemos as cenas horrorosas, as imagens dos rios da Amazônia que já são explorados pelos garimpeiros ilegais. Sem licença, não há fiscalização nem obrigação de reconstituição ambiental", declarou.
O líder do governo disse ainda que a aprovação do requerimento de urgência é o primeiro passo para a discussão do tema pelo grupo de trabalho, que terá liberdade para definir um novo texto. "Não há compromisso de mérito sobre o projeto, o grupo de trabalho é que será encarregado de escrever um novo texto", disse Barros.
O deputado Capitão Alberto Neto (Republicanos-AM) também defendeu a regulamentação da mineração em terras indígenas. “Se não tiver uma regulamentação sobre isso, vai causar uma insegurança jurídica e um atraso no nosso País”, disse.
"Eventual escassez ou dependência externa para a produção de fertilizantes químicos em benefício de um setor específico da economia nacional, por mais relevante que seja, não podem servir ao propósito de fragilizar ou aniquilar o direito constitucional dos índios às terras que tradicionalmente ocupam e ao usufruto exclusivo de suas riquezas naturais", diz o órgão superior vinculado à Procuradoria-Geral da República.
O líder do PT, deputado Reginaldo Lopes (MG), defendeu a rejeição da urgência. Para ele, o tema só deveria vir à pauta após a discussão no grupo de trabalho. "Durante as reuniões, mesmo os líderes da base do governo manifestaram divergências em relação ao texto", disse.
A representante da Rede, deputada Joenia Wapichana (RR), afirmou que a proposta viola direitos das populações indígenas. "Vai levar à morte, à devastação das vidas e das terras indígenas. Não se pode colocar uma ameaça de falta de fertilizantes para autorizar a mineração em terras indígenas, mas essas minas [de materiais utilizados na fabricação de fertilizantes] não estão na Amazônia, estão em São Paulo e em Minas Gerais", declarou.
"Eu acredito que vai ter que esperar algumas semanas para ir ao Plenário, para amadurecer mais um pouco", declarou o presidente em transmissão ao vivo nas redes sociais. "Mesmo aprovando esse projeto, vai levar dois ou três anos para começar a produzir algo", acrescentou.
O governo tem utilizado o discurso de que é preciso fazer exploração mineral em terras indígenas para ajudar o Brasil a superar a dependência brasileira de fertilizantes russos, cuja oferta foi estrangulada pela guerra na Ucrânia e pelas sanções impostas a Moscou, que deu início ao conflito.
No entanto, como mostrou reportagem do Estadão, a maior parte das reservas de potássio, matéria-prima de fertilizantes, não está nas regiões de posse dos indígenas.
De acordo com Bolsonaro, o projeto de lei em análise também vai permitir a construção de uma usina hidrelétrica no Rio Cotingo, que fica na região amazônica.
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