Jô Soares morre aos 84 anos em São PauloDivulgação / TV Globo

A morte do escritor, ator, apresentador e humorista Jô Soares comoveu políticos de diferentes espectros ideológicos. Nas redes sociais, deputados federais, senadores, candidatos à Presidência e ex-presidentes lamentaram a partida do artista nesta sexta-feira, 5.
Apesar das divergências, o presidente Jair Bolsonaro (PL) também usou suas redes sociais para lamentar a morte de Jô. Candidato à reeleição, Bolsonaro aproveitou para elogiar a democracia ao lembrar que o apresentador já teceu críticas a ele. O chefe do Executivo completou sua mensagem dizendo: “No fim das contas, as divergências pouca diferença fazem na hora de nossa partida para perto de Deus. O que fica são as nossas obras, e Jô Soares deixa para o Brasil um exemplo de postura, elegância e bom humor, e, por isso, tem o meu respeito”.



Assim como o pai, o senador Flávio Bolsonaro (PL) também reagiu à morte de Jô. “O Brasil perdeu um de seus grandes talentos: Jô Soares. Ele criou personagens divertidos e bordões memoráveis. Impossível esquecer! Que Deus o tenha e conforte o coração de todos!”, escreveu o parlamentar.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou Jô como “um dos atores, autores, comediantes e entrevistadores mais talentosos da história do Brasil”. O petista também lembrou das vezes que foi entrevistado pelo apresentador e afirmou que o Brasil “nunca esquecerá da obra que nos deixou Jô Soares”.

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) prestou sua solidariedade à família e destacou a postura de Jô ao entrevistá-la em abril de 2016, pouco antes do processo de impeachment.

 
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) elogiou o trabalho de Jô Soares e agradeceu o artista.

O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), se referiu a Jô Soares como "brilhante" e lembrou da inteligência do apresentador e da sua capacidade de improviso. “Jô Soares jamais será esquecido por quem assistiu a um de seus personagens ou repetiu um de seus bordões”, disse Castro. O chefe do Executivo fluminense decretou luto oficial de três dias pela morte do humorista.

Marcelo Freixo, candidato ao governo do Rio pelo PSB, agradeceu as “risadas, reflexões e sabedorias” do artista. “Obrigado por tudo. ‘Faça Humor, Não Faça Guerra’, que o nome do seu primeiro programa seja um mantra eterno”.

O ex-governador de São Paulo João Doria também se manifestou se solidarizando com a família. “Meu sentimento de pesar pela perda de Jô Soares. Um talento na TV, no teatro, na literatura e na arte. Jô sempre brilhou. Vai deixar saudade. Minha solidariedade aos seus familiares”, escreveu.

O deputado federal André Janones (Avante) escreveu:“O Brasil perdeu hoje um artista único. Como era bom Jô Soares, que por vezes “salvou” nossas madrugadas. Que ele descanse em paz”. Já a pré-candidata à Presidência Simone Tebet (MDB) lembrou dos personagens criados por Jô e disse que eles “marcaram nossas vidas”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas), definiu Jô como um artista multifacetado. “O Brasil perdeu hoje um artista multifacetado, de talento reconhecido, que conquistou o público e marcou seu tempo. Meus sentimentos aos familiares e amigos”. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), afirmou que a trajetória de Jô faz parte da cultura do país. “O Brasil perde Jô Soares, um dos maiores comunicadores de nossos tempos. Jô foi apresentador, humorista, diretor, escritor de livros e dramaturgo. Sua trajetória é parte da cultura brasileira.Meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos, colegas e fãs”.

Jô Soares

José Eugênio Soares, conhecido como Jô Soares, morreu na madrugada desta sexta-feira (5) aos 84 anos. Ele estava internado desde julho no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para tratar uma pneumonia.

Jô ficou conhecido por seus monólogos marcados pelo tom crítico e com sátiras da vida cotidiana e política do Brasil, como Ame um gordo antes que acabe (1976) e Viva o gordo e abaixo o regime! (1978). Como ator, participou de Auto da compadecida e Oscar (1961). Já como diretor, trabalhou em Soraia, Posto 2 (1960), Os sete gatinhos (1961), Romeu e Julieta (1969), Frankenstein (2002), “Ricardo III (2006).

Mesmo longe da televisão, Jô continuava trabalhando: preparava um romance policial sobre um assassinato misterioso que envolvia toda a população de um edifício. Também estava finalizando a montagem da peça "À Meia Luz", que tinha previsão de estreia no dia 9 de setembro, no Teatro Procópio Ferreira.

A peça conta a história de um homem que tenta fazer com que a mulher duvide da própria sanidade mental, a fim de mantê-la sob seu controle. Ele baixa as luzes da casa onde vivem e nega qualquer alteração no entorno. A manobra do marido faz com que a jovem esposa acredite que está senil, duvidando de tudo que está a sua volta.

O texto foi escrito pelo inglês Patrick Hamilton, nos anos 1940, com o título original de "Gas Light", e ganhou uma versão para o cinema, chamada "À Meia Luz", sob a direção de Thorold Dickinson O longa acabou gerando o termo "gaslighting", atualmente usado para denominar a ação de um agressor que faz com que sua vítima, geralmente uma mulher, passe a duvidar de si mesma, de suas condições mentais e de sua sanidade.

Amante das artes, Jô tinha profundo conhecimento musical e gostava de tocar bongô e trompete, além de cantar. O artista aproveitava seu conhecimento em Jazz para montar seu programa de rádio Jô Soares Jam Sessions, apresentado na Rádio Eldorado entre o final da década de 1980 e início dos anos 1990.

O apresentador também já escreveu para O Globo, Folha de S. Paulo e Manchete. Na TV, apresentou programas como Jô Soares Onze e Meia (1998) e Programa do Jô (2000).
Com informações de Estadão Conteúdo