Gal Costa morre aos 77 anosReprodução Internet

Rio - A cantora Gal Costa, de 77 anos, uma das maiores vozes da música popular brasileira, morreu na manhã desta quarta-feira, em sua casa, em São Paulo. Ainda não há informações sobre a causa da morte da artista.
"Gal Costa faleceu na manhã de hoje, dia 09 de novembro, em sua casa, em São Paulo. O velório, aberto ao público, será realizado na Assembleia Legislativa, também na capital paulista, na sexta-feira, dia 11 de novembro, das 9h às 15h. O enterro será fechado apenas para amigos próximos e familiares. Agradecemos o carinho de todos nesse momento tão difícil.", diz mensagem postada pela equipe da cantora no Instagram.
A veterana era uma das atrações do festival Primavera Sound, na capital paulista, que aconteceu no final de semana passado, mas cancelou sua participação no evento. Em setembro deste ano, a artista passou por uma cirurgia para a retirada de um nódulo na fossa nasal direita. Por recomendações médicas, ela ficaria afastada dos palcos até este mês. A cantora já tinha shows da turnê "Várias Pontas de Uma Estrela", em que revisitava grandes sucessos dos anos 80, marcadas para dezembro e janeiro.
Gal Costa deu voz a clássicos da MPB como "Baby", "Meu nome é Gal", "Chuva de Prata", "Meu bem, meu mal", "Pérola Negra" e "Barato total".
Cantora deixa um filho
Gal Costa adotou Gabriel Costa Penna Burgos há 15 anos, quando o conheceu em um abrigo, no Rio. Na época, Gabriel tinha apenas 2 anos. Atualmente, ele tem 17. Em algumas entrevistas, a cantora já havia dito que sonhava em ser mãe e que se oferecia para "ter filho com todo mundo". O último álbum de inéditas da cantora, "A Pele do Futuro", de 2018, é inspirador em Gabriel. 
Musa
Gal Costa era a musa dos anos 1970 e do movimento tropicalista. Sua ousadia e originalidade marcaram toda uma geração. Gal se destacava por seus modelitos, que transitavam por vários estilos: desde o hippie dos anos 1960, passando pelos looks justíssimos da época da Tropicália. 
A icônica tanga que usou no disco "Índia", de 1973, virou um símbolo de transgressão. Os cabelos volumosos e o batom vermelho se tornaram sua marca registrada.
Assumidamente bissexual, Gal Costa viveu com o empresário Marco Pereira entre 1991 e 1992. Ela também teve relacionamentos com mulheres anônimas e famosas, entre elas a cantora Marina Lima e a atriz Lúcia Veríssimo.
Trajetória
Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu no dia 26 de setembro de 1945, em Salvador, na Bahia. A artista trabalhou em uma loja de discos em Salvador, onde conheceu o cantor João Gilberto. Em 1963, ela foi apresentada a Caetano Veloso por sua amiga Dedé Gadelha, que na época era casada com o cantor. 
Em 1964, Gal participou da inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador, ao lado de nomes como Caetano, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Tom Zé, entre outros. A artista ainda utilizava o nome Maria da Graça quando lançou "Eu vim da Bahia", de Gilberto Gil, em 1965.
Gal Costa era cantora e compositora e um dos grandes nomes da Tropicália e da MPB. Ela gravou, em 1968, duas músicas do álbum "Tropicália ou Panis et Circencis", lançado por ela, Caetano, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé. A cantora também participou, no mesmo ano, do Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, em que conquistou o terceiro lugar com a música "Divino Maravilhoso". 
No ano seguinte, a cantora lançou o álbum "Gal Costa", com canções de Roberto Carlos e Erasmo. Durante o período da Ditadura Militar, a artista se firmou como uma das representantes do tropicalismo enquanto seus parceiros Gil e Caetano estavam no exilados. Ela gravou ao vivo o álbum "Fa-Tal: Gal a Todo Vapor", em 1971, que foi um marco e a consolidou como voz da contracultura brasileira no período do regime militar. O último álbum lançado foi em 2021, "Nenhuma Dor", com regravações de canções como "Meu Bem, Meu Mal", "Juventude Transviada" e "Coração Vagabundo", ao lado de artistas como Seu Jorge, Tim Bernardes e Criolo.
Em sua carreira, Gal lançou 43 álbuns, 12 DVDs e participou de 16 especiais na televisão. A artista foi indicada cinco vezes ao Grammy Latino e venceu o Prêmio da Música Brasileira, em 2016, na categoria melhor cantora.