Levantamento de informações, que teve início em 1º de agosto, estava previsto inicialmente para ir até o fim de outubroTânia Rêgo/Agência Brasil
"Vamos ter parte do Censo em alguns estados e municípios sendo levada pro ano que vem", reconheceu Cimar Azeredo, diretor de Pesquisas do IBGE. "A ideia é que a gente termine no final de janeiro."
Apesar dos esforços para flexibilizar regras de contratação e melhorar a remuneração de recenseadores, o instituto permanece com dificuldades de preencher as vagas necessárias em determinados locais.
Como consequência, os dados sobre a população de estados e municípios que serão entregues ao Tribunal de Contas da União (TCU) em 26 de dezembro ainda precisarão ser completados, em parte, com estimativas populacionais feitas com base nos dados do novo censo. As informações sobre contingentes populacionais são usadas no rateio do Fundo de Participação de Estados e Municípios.
"Tínhamos expectativa de entregar preliminares do Censo. Para municípios que fecharem [a coleta], vamos conseguir fazer essa entrega. Para os que não, o IBGE vai fazer algum tipo de modelagem", contou Azeredo. Ele acrescentou que a equipe técnica ainda não definiu que tratamento será usado para completar os dados ausentes de populações para o TCU.
Segundo Luciano Duarte, gerente técnico do Censo, o IBGE está priorizando divulgar a contagem da população de municípios com menos de 170 mil habitantes. Quanto aos municípios que não tiverem dados totalmente coletados, ainda não está decidido como haverá imputação para questionários não realizados.
"Ano que vem divulgaremos o resultado definitivo", contou Duarte. O pesquisador disse que o órgão ainda não determinou como será comunicado o resultado da população de municípios maiores, mesmo que já tenham sido mapeados.
Entre os brasileiros já recenseados até o momento, 29,43% estavam na região Nordeste, 39,54% no Sudeste, 14,76% no Sul, 8,79% no Norte e 7,44%no Centro-Oeste. O estado com maior proporção de pessoas recenseadas é o Piauí (96,2%), seguido por Sergipe (91,2%) e Rio Grande do Norte (89,8%). Os menos adiantados são Mato Grosso (65,9%), Amapá (66,9%) e Espírito Santo (70,67%).
O diretor de Pesquisas do IBGE espera que a coleta do Censo cubra mais 10% da população nas próximas semanas, chegando a 90% dos habitantes até o fim de dezembro. Ele frisa que houve dificuldade de contratação de recenseadores em vários estados. "Isso foi mais acentuado no Sul, Sudeste e Centro-Oeste". "Já está em curso uma operação de transferência interestadual e intraestadual de recenseadores", acrescentou Azeredo.
Alguns municípios do Maranhão podem enviar recenseadores para o Pará, enquanto outros que atuavam no Sergipe podem passar a trabalhar na Bahia. O instituto também cita movimentações dentro de um mesmo estado, como trabalhadores de grandes zonas urbanas sendo deslocados para municípios menores.
Em todo o país, o IBGE conta com 60.611 recenseadores em ação no momento, cerca de um terço de todas as vagas disponibilizadas. "Hoje a gente não precisaria de 180 mil recenseadores, porque já estamos praticamente com dois estados com coleta encerrada", ponderou o gerente técnico do Censo.
O diretor do instituto não vê, por ora, necessidade de complementação orçamentária para a operação censitária. "A gente está trabalhando com o que tinha. Não consumimos todos os recursos do Censo, e parte deles já está transferida para o próximo ano", explica Azeredo. "Vamos acompanhar passo a passo a necessidade de ter mais recursos aportados. A princípio, acreditamos que não seja necessário".
O órgão alega que a concorrência por mão de obra dificulta a contratação de recenseadores em locais onde a taxa de desemprego é mais baixa. "O agronegócio tem uma captação muito grande de mão de obra, o que torna o mercado de trabalho muito competitivo", argumentou Cimar Azeredo.
No entanto, dificuldades enfrentadas por recenseadores na coleta, como a resistência de moradores, o atraso inicial de pagamentos e as remunerações variáveis e baixas, também tornam as vagas pouco atrativas. O diretor reconheceu que a remuneração inicial planejada para a contratação dos temporários "era muito abaixo" do ideal, mas diz que a questão tem sido corrigida com incentivos e auxílios nos locais que enfrentam maiores problemas na coleta.
"A gente tem autoridades que não respondem ao Censo, manda voltar depois", lembrou Azeredo. A taxa de recusa de responder ao Censo subiu de 2,33% dos domicílios visitados em 31 de outubro para 2,59% no balanço atual. Em São Paulo, a taxa de recusa é de 4,79%.
"Isso está concentrado principalmente nos grandes centros", disse Duarte. "Ainda é valor aceitável, mas queremos diminuir isso". O instituto tem trabalhado com notificação de condomínios, porteiros e síndicos sobre a obrigação legal de moradores de responder ao Censo Demográfico.
O IBGE conta que, com a medida, conseguiu diminuir as rejeições na Barra da Tijuca, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro. "A pessoa que se recusa tem várias oportunidades. Primeiro recebe, no mínimo, quatro visitas do recenseador, que deixa um bilhete com o telefone dele. Por fim, o supervisor vai lá e, caso ela não queira, o responsável vai deixar a notificação [oficial] na caixa de correio, fala das sanções, e dá uma última chance pra pessoa preencher pela internet o questionário do IBGE", explicou Luciano Duarte.
Dos domicílios já recenseados, 89,4% responderam ao questionário básico e 11,6% ao ampliado. O tempo mediano de preenchimento tem sido de 5 minutos e 14 minutos, respectivamente. A maior parte dos questionamentos (99,3%) foi respondida de forma presencial, enquanto 204.151 domicílios optaram por fazer pela internet e 233.894 pelo telefone.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.