Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama e esposa de Jair BolsonaroAlan Santos/PR
Servidora diz que Michelle Bolsonaro recebeu segundo pacote de joias em mãos
Declaração contradiz ex-primeira-dama, que nega alegações
Brasília - Uma servidora do Gabinete de Documentação Histórica do Palácio do Planalto disse à Polícia Federal que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu o segundo pacote de joias árabes em mãos no ano passado. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo a funcionária, Michelle teria recebido os bens no dia 29 de novembro de 2022, no Palácio do Alvorada. No kit estavam um relógio suíço, abotoadura, caneta, anel e um rosário. Os bens estão avaliados em R$ 2,5 milhões.
O pacote foi destinado ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Os presentes teriam sido entregues ao ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque em 2021. As peças foram devolvidas após uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU).
As declarações da servidora contrapõem as afirmações de Michelle sobre o caso. Desde que foi revelado, a ex-primeira-dama tem negado ter recebido joias e saber da existência dos presentes.
Relembre o caso
Segundo uma reportagem de "O Estado de S. Paulo", Jair Bolsonaro teria recebido ao menos três pacotes de presentes da Arábia Saudita. Os bens teriam sido entregues em viagens ao Oriente Médio entre 2019 e 2021.
O primeiro pacote de joias, avaliado em R$ 16,5 milhões, foi entregue pelo governo árabe para Michelle Bolsonaro. Entre os presentes, estavam um anel, colar, relógio e brincos de diamantes.
Entretanto, ao chegar ao país, as peças foram apreendidas na alfândega do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na mochila de um assessor de Bento Albuquerque, então ministro de Minas e Energia. Ele ainda tentou usar o cargo para liberar os diamantes, entretanto, não conseguiu reavê-los, já que no Brasil a lei determina que todo bem com valor acima de US$ 1 mil seja declarado.
Diante do fato, o governo Bolsonaro teria tentado quatro vezes recuperar as joias, por meio dos ministérios da Economia, Minas e Energia e Relações Exteriores. O então presidente chegou a enviar ofício à Receita Federal, solicitando que as joias fossem destinadas à Presidência da República.
Na última tentativa, três dias antes de deixar o governo, um funcionário público utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para se deslocar até Guarulhos. Ele teria se identificado como “Jairo” e argumentando que nenhum objeto do governo anterior poderia ficar para o próximo.
O segundo pacote de joias doadas pelo governo da Arábia Saudita foi incorporado no acervo pessoal de Jair Bolsonaro. O estojo com relógios, peças para paletós e outros artigos masculinos tem valor estimado em R$ 400 mil.
A defesa do ex-presidente devolveu as peças após uma determinação do TCU. Os bens estão em um cofre de uma agência da Caixa Econômica Federal, em Brasília.