O ex-presidente Jair Bolsonaro é tietado por apoiadores ao chega à sede da Polícia Federal para prestar depoimentoAFP

Brasília - Com o fim do foro privilegiado, ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) segue como alvo central das investigações que apuram a identidade dos autores intelectuais dos atos golpistas de 8 de janeiro. Em cerca de duas horas de depoimento prestado à Polícia Federal na manhã desta quarta-feira, 26, ele afirmou que compartilhou "sem querer" um vídeo que questionava o sistema eleitoral brasileiro, após a derrota nas eleições de 2022. Bolsonaro chegou à sede da PF pouco antes das 9h e saiu por volta de 11h20.
A oitiva atende a uma determinação de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo a 'TV Globo', Bolsonaro teria respondido apenas perguntas relacionadas sobre o polêmico vídeo, que foi excluído pouco depois da publicação em seu perfil oficial nas redes sociais. Sem provas, o então presidente colocou, mais uma vez, em dúvida a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro.
Na investigação que apura a motivação, incitação, patrocínio e mentoria intelectual da tentativa de golpe no dia 8 de janeiro, protagonizada pela invasão das sedes dos Três Poderes, a publicação é avaliada como um sinal de que o ex-presidente pode ter estimulado a base bolsonarista nos atos de vandalismo que aterrorizaram a Capital Federal.

Bolsonaro chegou à sede da PF acompanhado do advogado Paulo Cunha Bueno e do assessor Fábio Wajngarten. A defesa ainda alega o ex-presidente havia acabado de receber alta após ser internado para tratar uma obstrução intestinal, e que estaria sob o efeito de morfina.

"Essa postagem foi feita de forma equivocada, tanto que, pouco tempo depois, duas ou três horas depois, ele foi advertido e imediatamente retirou essa postagem. Observo, inclusive, que essa postagem foi feita na sua rede social de menor importância", disse Cunha Bueno.

O ex-presidente é alvo de mais de dez inquéritos no STF e TSE e corre o risco de tornado inelegível no caso que apura os ataques, sem provas, ao sistema eleitoral durante uma reunião com embaixadores, no Planalto.