Anderson Torres estava preso desde janeiroFabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Defesa de Anderson Torres descarta delação e diz que ex-ministro vai abrir dados de celular
Advogado do ex-ministro fez acenos ao STF e evitou contestar as decisões do Tribunal
A defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres disse nesta sexta-feira, 12, que ele não vai fazer delação premiada sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Torres foi solto na noite de quinta-feira, 11, após passar mais de 100 dias preso preventivamente. O advogado Eumar Novacki recebeu jornalistas em Brasília e afirmou que o ex-ministro não tem o que confessar. "Essa possibilidade está descartada", garantiu.
A defesa tem repetido que adotou uma postura colaborativa e de deferência ao Judiciário. Um problema com as senhas do celular do ex-ministro, no entanto, causou mal-estar com os investigadores. Ao se entregar para ser preso, Anderson Torres alegou que esqueceu o aparelho nos Estados Unidos, onde passava férias. Ele compartilhou com a Polícia Federal (PF) as senhas para acesso dos dados armazenados na nuvem. Essas senhas não funcionaram, o que segundo os policiais impediu a extração de informações.
Novacki afirma que houve uma "falha técnica" e que o ex-ministro está disposto a receber um perito para "abrir todas as informações". "(A falha) foi conjuntural", disse.
Em manifestação enviada ao STF, a defesa já havia informado que as senhas poderiam ter sido "fornecidas equivocadamente", dado o "comprometimento cognitivo" de Anderson Torres após a prisão.
Na última avaliação médica, no dia 1º de maio, quando Torres ainda estava preso, a psiquiatra da Secretaria de Saúde do Distrito Federal prescreveu antidepressivo, ansiolítico e antipsicóticos ao ex-ministro. O advogado disse que ele continuará recebendo acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
"É óbvio que ontem a chegada na casa dele foi uma chegada muito emocionante, com as filhas que ele não via desde o momento da prisão. Eu acredito que isso vai ajudar na recuperação", afirmou. O advogado fez acenos ao STF e evitou contestar as decisões do Tribunal, que negou sucessivos pedidos para revogar a prisão preventiva de Torres.
Novacki disse que o Supremo agiu com a "energia" necessária diante da gravidade dos protestos golpistas, mas "acertou" ao liberar Anderson Torres para aguardar a conclusão do inquérito em liberdade. Ele também elogiou a "sensibilidade" do ministro Alexandre de Moraes. "Na sua casa ele (Torres) terá condições de recuperar o seu equilíbrio psíquico, ajudar a defesa e mantendo esse espírito cooperativo", defendeu. "O maior interesse no esclarecimento rápido é o ex-ministro", finalizou
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