A coleta de dados do Censo 2022 começou em agosto do ano passadoTânia Rêgo/Agência Brasil

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira, 28, os primeiros resultados do Censo Demográfico 2022. Segundo os dados, o Brasil tem 203.062.512 de habitantes. Apesar de uma forte perda de fôlego no ritmo de crescimento populacional, o resultado significa um aumento de 6,5% em relação aos 190,8 milhões de habitantes contados no Censo anterior, realizado em 2010, o equivalente a 12,307 milhões de pessoas a mais em pouco mais de uma década.

O montante ficou significativamente abaixo das estimativas preliminares entregues pelo IBGE ao Tribunal de Contas da União (TCU), em 28 de dezembro do ano passado, quando o instituto informou a existência de 207.750.291 pessoas no país, população calculada já com base em dados preliminares coletados pelo Censo 2022.
O número de habitantes do Brasil é usado no cálculo do rateio do Fundo de Participação dos Municípios, além de determinar o tamanho das representações políticas, como a quantidade de vereadores e de deputados federais e estaduais, entre outras finalidades, frisa o IBGE.

De acordo com o instituto, ainda não foi possível mensurar se a perda de vidas para o coronavírus, que superou 700 mil mortes confirmadas pela doença no Brasil, afetou significativamente o crescimento populacional no país. Os dados ainda estão sendo analisados por técnicos do IBGE, informou o presidente interino do instituto, Cimar Azeredo.
A coleta do Censo 2022 foi iniciada em 1º de agosto de 2022, planejada para se estender inicialmente até o fim de outubro do ano passado. A pesquisa seria realizada inicialmente em 2020, mas foi adiada devido à pandemia, depois, em 2021, por questões orçamentárias.

Após uma série de dificuldades para contratação, pagamento e manutenção de recenseadores atuando no trabalho de campo, o prazo foi prorrogado sucessivas vezes. O Censo 2022 marca 150 anos do primeiro recenseamento feito no país.
A queda na taxa de fecundidade, que mede o número de filhos nascidos vivos por mulher em idade reprodutiva, já vinha desacelerando o aumento da população brasileira, lembrou o instituto.

De 2010 a 2022, a taxa média de crescimento anual da população do país foi de 0,52%, a mais baixa já vista desde que o primeiro Censo foi conduzido no Brasil, em 1872. Entre 2000 e 2010, a taxa média de crescimento populacional anual era de 1,17%, mais que o dobro da atual.

"A população brasileira apresentou, até a década de 1940, altos níveis de fecundidade e mortalidade. Com o início do processo de redução dos níveis da mortalidade, a partir de meados dos anos 1940, e a manutenção dos altos níveis de fecundidade vigentes à época, o ritmo do crescimento populacional aumentou e apresentou seu maior pico na década de 1950, com uma taxa média de crescimento anual de 2,99%. No começo dos anos 1960, inicia-se lentamente o declínio dos níveis de fecundidade, e, a partir de 1970, já é possível verificar, por meio dos dados dos Censos Demográficos, a redução do crescimento populacional", justificou o IBGE.

Atualmente, a população cresce a uma velocidade maior no Centro-Oeste, com taxa anual de incremento populacional de 1,23%, ultrapassando assim a do Norte, que liderava o crescimento da população até o Censo anterior, mas teve essa velocidade reduzida a 0,75%. No Sul, a taxa de crescimento populacional anual foi de 0,74%; no Sudeste, de 0,45%; e no Nordeste, de 0,24%.

Em todas as grandes regiões do país houve redução no ritmo anual de incremento da população em relação ao Censo anterior, de 2010.

"É uma tendência, se essa tendência se acelerou a gente vai entender isso daqui a pouquinho, com as análises que serão feitas", apontou Azeredo, acrescentando que a coleta do Censo em campo terminou no último dia 28 de maio, e que os demógrafos do instituto já estão debruçados sobre as informações obtidas, mas precisam de mais tempo para fazer as análises necessárias.
"Esse é o resultado da população definitiva do Censo. A gente tem que tomar cuidado com relação a conjecturar. Acho que a gente tem que esperar o trabalho que os demógrafos estão fazendo, com certeza já estão se debruçando", disse.

Distribuição regional

A região Sudeste detinha 84,8 milhões de moradores, 41,8% da população do país. O Centro-Oeste é a região menos populosa, com 16,3 milhões de habitantes, 8,0% da população brasileira. O Norte concentrava 8,5% dos brasileiros, 17,3 milhões; o Sul, 14,7%, com 29,9 milhões; e o Nordeste, 26,9%, com 54,6 milhões.
"A distribuição da população por região geográfica praticamente se mantém estável (em relação ao Censo 2010)", apontou o coordenador técnico do Censo, Luciano Duarte. "Só o estado de São Paulo representa um quinto da população do país", acrescentou.

Os três estados mais populosos somavam juntos quase 40% dos brasileiros: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. São Paulo tinha 44,420 milhões de habitantes, 21,88% de toda a população do Brasil; Minas Gerais tinha 20,539 milhões de pessoas, 10,11% da população; e Rio de Janeiro, 16,055 milhões, 7,91% da população.
Entre os estados que menos cresceram (com variação de 0,1% ou menos) está o Rio de Janeiro (0,03%), o terceiro mais populoso do país. A população fluminense tinha 15,9 milhões, em 2010. Os demais foram Alagoas (0,02%), Bahia (0,07%) e Rondônia (0,10%).
*Com informações do Estadão Conteúdo