A Polícia Federal apreendeu celulares de dirigentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para saber se eles combinaram o que diriam nos depoimentos para blindar o ex-diretor da corporação, Silvinei Vasques (que está preso), e buscar mais detalhes sobre uma reunião para direcionar blitze durante as eleições e reduzir a votação de Lula.
Nos depoimentos, vários dirigentes da PRF afirmaram que não se lembram dos temas abordados por Silvinei na reunião que ele convocou, entre outras contradições nas versões apresentadas.
No final do ano passado, a Polícia ouviu o ex-coordenador de análise da inteligência da PRF, Adiel Alcântara, e a ex-chefe do serviço de análise de inteligência, Naralúcia Dias, e os investigadores decidiram apreender seus celulares para averiguar a veracidade de suas versões.
Na análise das conversas, a PF encontrou indícios mais fortes de irregularidades durante a reunião que Silvinei convocou. Em mensagens, Adiel disse a um colega que Silvinei "disse muita merda" e citou ordens para a execução de um "policiamento direcionado" durante o período em que as urnas estiveram abertas.
Se for constatado que eles de fato ocultaram informações com o objetivo de atrapalhar as investigações, os integrantes da Polícia Rodoviária responderão por obstrução da Justiça e/ou falso testemunho.
Após o depoimento do ex-diretor da PRF na quinta-feira, o seu advogado, Eduardo Simão, disse que seu cliente não cometeu irregularidades no exercício de seu cargo, e que a operação tinha o objetivo de coibir crimes eleitorais, de todo e qualquer partido político, além de descartar a possibilidade de acordo para delação premiada.
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