Professor perguntou o que a estudante queria em troca de sexoReprodução
Luciano Ribeiro Bueno era professor da UEPG desde 2003, e chegou a ser chefe do Departamento de Economia entre 2016 e 2020. O contato com a estudante começou por meio do Whatsapp em julho de 2022, quando ele se apresentou para ela e começou a questionar o motivo da mesma não estar indo às aulas.
Após oferecer ajuda para melhorar a nota de um trabalho, Luciano começou a mandar mensagens com teor sexual, afirmando que a aluna lhe deixava excitado. “Você sempre olha nos meus olhos. Olha o status. Vai gostar. Vai querer a chance? [...] Deixa prof de r**a dura. Vamos sair? O que quer? Vamos marcar?", disse o professor. A comissão responsável pelo processo administrativo atestou a veracidade e origem das mensagens, que foram registradas em cartório.
Em depoimento que consta no relatório do Processo Administrativo Disciplinar, o professor "não negou os fatos, mas acrescentou que tudo ocorreu porque ele interpretou os olhares e sinais corporais da aluna de forma equivocada", além de alegar que enviou as mensagens em questão durante uma crise de ansiedade e se justificar dizendo que as fotos não foram enviadas diretamente para ela.
A defesa de Luciano alega que não houve provas que o professor agiu "no sentido de se valer de seu cargo para ofender a aluna em questão", e alega que tudo ocorreu num momento em que ele enfrentava problemas psicológicos como o transtorno depressivo grave e Síndrome de Burnout que o induziram a “interpretar equivocadamente as mensagens trocadas com sua aluna fora do ambiente de sala de aula”.
Apesar das provas concretas, o processo de demissão de Luciano Ribeiro Bueno levou aproximadamente um ano para se concretizar. Além disso, parte dos membros da comissão que avaliou o caso - formada por duas professoras e um professor - se opôs à demissão, sugerindo apenas uma suspensão de 60 dias.
Além disso, o reitor da UEPG, Miguel Sanches Neto, pediu um parecer jurídico para resolver o impasse que se formou na comissão. A posição da Procuradoria Jurídica da universidade, então, defendeu a demissão do docente, afirmando que “o convite expresso em áudio e mensagens para ceder a favores sexuais, em troca de possível atribuição de nota" configura assédio sexual.
A decisão final coube ao vice-reitor da UEPG na ocasião, Ivo Mottin Demiate. Mesmo após o posicionamento definitivo pela demissão, o docente ainda levou quatro meses para ser efetivamente desligado da universidade. Em nota, a UEPG destacou que a investigação interna do caso foi realizada por comissão de professores efetivos, como determina a legislação estadual.
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