Jair e Michelle BolsonaroMarcelo Camargo/Agência Brasil
Os investigadores suspeitam, neste caso, de que o casal e os outros colaboradores participaram de um esquema de venda de presentes oficiais recebidos de países estrangeiros para o "enriquecimento ilícito" do ex-presidente (2019-2022).
O caso poderia configurar crime de lavagem de dinheiro e peculato (apropriação de patrimônio público), passíveis de prisão. Jair e Michelle Bolsonaro "optam pela prerrogativa do silêncio no tocante aos fatos ora apurados", diz o documento apresentado pela defesa do casal à polícia, de acordo com a imprensa.
Os advogados alegaram que seus clientes não foram convocados pela autoridade devida, portanto, decidiram "não fornecer declarações adicionais até que estejam diante de um Juiz Natural competente". No total, nesta quinta, foram chamados para depor sete suspeitos em Brasília, e um, em São Paulo.
O grupo estava convocado para responder simultaneamente às perguntas dos investigadores, estratégia que pretendia expor possíveis contradições entre os depoimentos.
As autoridades querem saber se houve, de fato, desvio de vários conjuntos de joias doadas pela Arábia Saudita, algumas das quais entraram irregularmente no Brasil em 2019. Entre elas está um relógio de luxo que teria sido vendido e depois comprado de volta nos Estados Unidos por Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro.
"Eu tenho sido vítima de uma campanha covarde de fake news. Eu estou absolutamente tranquilo, jamais cometi qualquer irregularidade ou ilícito", disse Wassef aos jornalistas ao entrar na sede da PF em São Paulo.
Bolsonaro negou ter cometido qualquer crime em seu depoimento anterior, em abril, perante a Polícia Federal. Da mesma forma, Michelle ironizou neste fim de semana, em um evento partidário, sobre seu envolvimento no caso.
"Vocês pediram tanto, falaram tanto de joias que em breve teremos lançamento. 'Mijoias' para vocês", disse a ex-primeira-dama em tom de deboche sobre a investigação.
Bolsonaro já foi interrogado pela polícia sobre a questão das joias, sobre os atos golpistas de apoiadores no dia 8 de janeiro, sobre um suposto plano de golpe de Estado e por supostamente ter falsificado certificados de vacinação da covid-19.
Para o ex-presidente, declarado inelegível por oito anos em junho por abuso de poder político e por uso indevido dos meios de comunicação para desinformar sobre o sistema eleitoral, este é o quinto depoimento à PF desde que deixou a presidência, em 31 de dezembro.
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