Lula é entrevistado por Marcos Uchoa no programa Conversa com o PresidenteCanalGOV
Publicado 14/08/2023 11:53 | Atualizado 14/08/2023 12:03
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mencionou nesta segunda-feira, 14, a menina, de 5 anos, morta por uma bala perdida na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro no último sábado, 12. Também declarou que a polícia não pode "sair atirando a esmo". Além da criança, um adolescente, 17, também foi morto no local. Em nota, a Polícia Militar (PM) afirma que o jovem estava com uma arma e houve confronto.

"Que bala perdida é essa? Alguém atirou para aquele lado, essa bala não se perdeu, essa bala foi atirada para aquele lado para atingir alguém e pegou uma criança de 5 anos de idade", disse Lula. "Onde a gente vai parar com esse tipo de comportamento, de violência? E muitas vezes é a própria polícia que atira", completou o petista.
Eloah - reprodução
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"Quando a gente fala assim, as pessoas pensam que nós somos contra a polícia. Nós não somos contra a polícia, não. Queremos policiais bem preparados, bem instruídos, com bastante inteligência. O que não pode é sair atirando a esmo sem saber para onde atira", disse ele.
Lula também criticou o porte de armas pela população. A liberalização das armas foi uma marca do governo de Jair Bolsonaro, e agora Lula tenta reverter a política.

"Quem é que quer comprar arma? É o crime organizado e algumas pessoas que não querem fazer bem para ninguém", disse o presidente. "Tem gente que gosta de sair armado mostrando que é poderoso. Não, é um covarde. Quem anda armado é um covarde. Tem medo. Se você não tiver medo e você for do bem, não tem que andar armado", declarou o petista.

Lula deu as declarações no programa Conversa com o Presidente, produzido pela EBC. É uma espécie de live do presidente da República. Normalmente, a peça é transmitida às terças-feiras. Nesta semana, foi promovida na segunda porque, na terça-feira, 15, o chefe do executivo estará no Paraguai para a posse do presidente eleito do país, Santiago Peña.
Entenda o caso
A criança e o adolescene foram baleados durante uma ação policial no Morro do Dendê, na Ilha Governador. Segundo testemunhas, tudo teria começado após PMs abordarem uma motocicleta onde o jovem, W. E, estava na garupa. Perto dos agentes, no entanto, o rapaz teria levantado os braços, provocando o disparos. Ele ainda chegou a ser levado pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital Municipal Evandro Freire, no mesmo bairro, onde morreu.
"Passei no local quando mataram o rapaz lá na moto. Tinha uma mulher no ponto de ônibus. Eles chegaram atirando e mataram o rapaz. Eu ainda tinha comentado com minha esposa que eles falaram que o menino estava armado, mas não estava armado na hora que eu passei. Estava limpo. Se falarem, é só para incriminar ele", afirmou uma testemunha, que não quis se identificar.
A morte teria provocado a revolta de moradores do Dendê, que teriam descido para um protesto. Pouco depois, ainda de acordo com familiares e outras testemunhas, policiais teriam efetuado disparos para o alto, para dispersar os manifestantes.
Consecutivamente, uma menina, Eloah Passos, foi baleada em casa, enquanto brincava em seu quarto. Ela foi socorrida por um mototáxi e uma vizinha, identificada como Beatriz, para o Evandro Freire, no entanto, já chegou morta.
O tiro que acertou a menina Eloah Passos, cinco anos, entrou pela janela do quarto onde estava e deixou a coberta da cama cheia de sangue. Feita por familiares, um vídeo mostra uma coberta ensanguentada e a janela perfurada pelo disparo.
Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que uma "equipe do 17° BPM (Ilha do Governador) teve atenção voltada para dois homens em uma motocicleta, na Rua Paranapuã, onde o ocupante de carona portava uma pistola. De acordo com os policiais que atuaram na ação, após uma tentativa de abordagem, o indivíduo disparou contra a equipe, e houve revide. O suspeito foi ferido e socorrido pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Municipal Evandro Freire. O homem que conduzia a motocicleta foi levado à 37ª DP a fim de prestar esclarecimentos".
A PM informou, ainda, que "o comando do 17° BPM foi informado sobre uma criança baleada no interior da comunidade do Dendê e que foi socorrida por familiares. Segundo informações colhidas por testemunhas, a vítima teria sido atingida no interior de sua residência. Ressaltamos que não havia operação policial no interior da comunidade. O comando da unidade instaurou um procedimento apuratório para averiguar a conjuntura das ações", explicou a corporação.
A Corregedoria da Polícia Militar vai analisar as câmeras corporais dos PMs que participaram das ações. A corporação instaurou um procedimento apuratório e acompanha os trâmites do caso. Os agentes envolvidos já prestaram depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), tiveram as armas apreendidas e o comandante do 17º BPM (Ilha do Governador) foi afastado do cargo. Nesta segunda-feira, 14, o policiamento segue reforçado na região.
Apesar do clima de tensão, a Secretaria Municipal de Educação informou que as escolas estão funcionando nesta manhã. A Secretaria Municipal de Saúde também afirmou que as unidades de saúde atendem normalmente. Na noite de domingo, 13, moradores realizaram uma manifestação e atearam fogo em objetos na Avenida Paranapuã, mesmo local onde o adolescente foi baleado.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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