Protesto aconteceu na Avenida Paranapuã, no início da noite deste domingo (13)Reprodução

Rio - Moradores da região da Cova da Onça, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, realizaram uma manifestação, no início da noite deste domingo (13), na Avenida Paranapuã. O local é o mesmo onde um adolescente, de 17 anos, foi baleado durante uma ação policial neste sábado (12). O menino, considerado suspeito pela Polícia Militar, morreu no Hospital Municipal Evandro Freire. A família da vítima alega que ele não estava armado.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra a Avenida Paranapuã, nas proximidades do Morro do Dendê, fechada por causa de objetos pegando fogo. Carros que passavam pelo local tiveram que parar para esperar a via ser liberada. Segundo a plataforma Onde Tem Tiroteio (OTT), houve tiros na região por volta das 18h35.
Policiais do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) foram acionados para o local, assim como militares do Corpo de Bombeiros, que atuaram na contenção das chamas nos obstáculos. Não há registro de feridos. A Avenida já foi desobstruída e liberada.  
O protesto aconteceu horas depois do sepultamento do adolescente, que aconteceu no Cemitério da Cacuia. Ele morreu depois de ser baleado por policiais do 17º BPM (Ilha do Governador) quando estava na garupa de uma moto. De acordo com a PM, os agentes que participaram da ação disseram que o jovem estava com uma pistola. Durante a tentativa de abordagem, o adolescente teria atirado contra eles, gerando um confronto.
O jovem, considerado suspeito pelos policiais, foi baleado. Ele foi socorrido e encaminhado pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Municipal Evandro Freire, mas não resistiu. No hospital, Joelma Maria de Almeida, mãe do menino, afirmou que testemunhas viram que o rapaz não estava armado no momento da abordagem da PM.
"Mataram meu filho, meu filho não estava com nada. Eu tenho testemunha, meu filho estava na moto. Meu filho levantou as mãos e eles pegaram, mataram meu filho. Uma covardia. Eles são covardes. Os policiais mataram meu filho e a menina", lamentou.
De acordo com a mulher, o filho faria 18 anos nesta segunda-feira (14), e, por isso, ela já havia comprado todas as coisas para fazer o bolo de aniversário.
"Mais um na comunidade, onde o povo está morrendo. Os policiais estão matando inocentes. Amanhã é dia dos pais, eu perdi meu filho. Fui guerreira, fui pai e mãe. Eu quero justiça! Eu tenho a provas. Meu filho não estava armado", garantiu.
A morte do adolescente já havia gerado protestos neste sábado (12). Dois ônibus da viação Paranapuan foram incendiados na região. Por isso, a empresa publicou nas suas redes sociais, neste domingo (13), que as linhas 323, 328, 634, 901 e 910 deixarão de ir até a Pedra da Onça e passarão a ter seu ponto final na garagem da empresa, na Estrada do Galeão, 178, na Cacuia.
Morte de menina
Eloah Passos, de 5 anos, foi atingida por uma bala perdida enquanto brincava no quarto de sua casa no momento da confusão entre policiais e moradores neste sábado (12). A menina chegou a ser socorrida e encaminhada ao Hospital Municipal Evandro Freire, mas também não resistiu.
"Não teve troca de tiros, não teve operação e não teve confronto. Teve foi uma polícia despreparada. O tiro nunca ia vir de cima como estão falando. Tá difícil, da forma que foi... Ela tinha cinco anos", disse o tio da vítima, Michael Abe ao DIA.
As mortes estão sendo investigadas pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Os policiais envolvidos na ação já prestaram depoimento na especializada e tiveram suas armas apreendidas. A Corregedoria da PM abriu um procedimento apuratório sobre o caso. O comandante do 17º BPM, tenente-coronel Fábio Batista Cardoso, foi afastado de suas funções para "dar uma maior lisura e transparência à averiguação dos fatos".