Lula e Marina Silva durante discurso no COP28, em Dubai, no EAU, neste sábado, 2Ricardo Stuckert / PR
Publicado 02/12/2023 12:48
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado, 2, que os custos da transição ecológica do "mundo desenvolvido" estão sendo transferidos ao Sul-global, que, segundo ele, já são os mais afetados pelas mudanças climáticas.
"Estamos sendo duplamente punidos", disse durante encontro do G77+China, maior grupo de países em desenvolvimento, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-28) em Dubai. O petista defendeu que essa transição não pode impedir a industrialização de países do bloco e relegá-los à posição de exportadores de commodities e exportadores de matérias-primas.

"Há vários modelos de transição ecológica em direção ao mundo descarbonizado. Uma transição justa não pode nos relegar a uma posição de produtores de commodities e exportador de matérias-primas. Nem inaugurar um novo ciclo de exploração predatória de nossos recursos naturais, em particular dos minerais críticos. Ela tem de nos permitir transformar e diversificar nossas bases produtivas, e avançar na industrialização", afirmou.

O presidente comemorou o início da operação do fundo de perdas e danos do clima. Um grupo de nações ricas anunciou na quinta-feira, 30, a destinação de mais de US$ 400 milhões (quase R$ 2 bilhões) para colocá-lo em prática. "Serve de inspiração para as negociações dos próximos dias."

"É uma questão de justiça climática que aqueles que mais contribuíram para o aquecimento global arquem com sua responsabilidade", afirmou. Ele defendeu fluxos contínuos de recursos para que os países de baixa e média renda resolvam seus problemas de endividamento, em um contexto que, segundo ele, as nações em desenvolvimento precisarão de US$ 4 trilhões a US$ 6 trilhões ao ano para implementar "suas contribuições nacionalmente determinadas e plano de adaptação".

Nesse sentido, Lula disse que o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) precisam passar por uma reforma. De acordo com ele, falta representatividade. "No conselho do fundo global para o meio ambiente, Brasil, Colômbia e Equador são obrigados a dividir uma única cadeira, enquanto vários países envolvido ocupam cada um o seu próprio assento", disse. "Os mecanismo de financiamento climático ambiental não podem reproduzir a lógica excludente dessas instituições."

Paz e Conselho de Segurança
Lula voltou a fazer um pedido pela paz mundial e pelo cessar de guerras, citando os conflitos entre Rússia e Ucrânia e Israel e palestinos. "Estamos tentando salvar o planeta, não para destruí-lo em guerra."

O presidente defendeu mais uma vez a reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). "Ou nós mudamos o conselho de segurança da ONU ou nós colocamos mais países participando da ONU ou a irresponsabilidade irá prevalecer sobre a sensatez daqueles que brigam por paz. Por isso, eu estou incomodado ao começar a minha fala, e não poderia deixar de pedir aos que estão em guerra, que parem de se matar. Sentem numa mesa de negociação e vamos salvar vidas, ao invés de destruí-las."

Inteligência artificial

No discurso, o presidente também abordou o tema da inteligência artificial. Segundo ele, sem "diretrizes claras" e "coletivamente acordadas", os modelos gerados "exclusivamente com base na experiência dos países do Norte" vão se impor. "O mundo não pode repetir a divisão entre responsáveis e responsáveis que uma vez marcou as discussões sobre desarmamento e não proliferação."
Haddad encerra agenda na Conferência do Clima e embarca para Alemanha no domingo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, encerrou a agenda de trabalho na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28). No domingo, 2, Haddad viaja com a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Berlim. Também embarca para a Alemanha a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva. A previsão de saída de Dubai amanhã é às 9h35 na agenda atualizada até a publicação deste texto.
*Com informações do Estadão Conteúdo
 
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