Publicado 14/01/2024 08:01
O piloto do helicóptero encontrado na última sexta-feira, 12, em Paraibuna, interior de São Paulo, estava tentando voltar para a capital quando desapareceu do tráfego aéreo no dia 31 de dezembro. O destino da aeronave era Ilhabela, no litoral. Porém, por causa do mau tempo, ele tentava retornar ao local de decolagem.
Segundo informações do diretor do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope) da Polícia Civil, Paulo Sergio Mello, isso é corroborado pelas antenas por onde o helicóptero passou antes de desaparecer.
"Pelo que a gente conseguiu ler no painel da aeronave, naqueles vídeos, ali você repara que (o helicóptero) estava descendo a 500 pés por minuto, é pouca coisa. O piloto com certeza saiu, voou um pouquinho, ficou tentando escapar das nuvens com intenção de voltar para São Paulo, e não prosseguir para Ilhabela, mas não conseguiu, infelizmente", disse o diretor do Dope.
De acordo com ele, pouco antes da queda, o piloto Cassiano Tete Teodoro, de 44 anos, fez um pouso de emergência próximo a uma represa em Paraibuna. Entretanto, ele logo saiu e tentou decolar em direção ao Campo de Marte, na Zona Norte da capital paulista, mas o avião caiu. A distância entre o local do pouso de emergência e onde foi encontrado o helicóptero é de aproximadamente 10 quilômetros.
"Do ponto em que ele efetuou o pouso na beira da represa até o local do encontro, tem aproximadamente uns 10 quilômetros. Pelo que a gente conseguiu ler no painel da aeronave, naqueles vídeos (que familiares divulgaram em redes sociais), ali você repara que (o helicóptero) estava descendo a 500 pés por minuto, é pouca coisa. O piloto com certeza saiu, voou um pouquinho, ficou tentando escapar das nuvens com intenção de voltar para São Paulo, e não prosseguir para Ilhabela, e não conseguiu, infelizmente. Foi questão de minutos", explicou.
O coronel Ronaldo Oliveira, comandante da aviação da PM, destacou que o piloto estava voando de forma visual, ou seja, se orientando de acordo com o que vê como estradas, mar, rios, plantações e cidades. Entretanto, isso funciona quando o céu está limpo. Em caso de dias nublados, esse tipo de voo é mais perigoso e o correto seria voar por instrumentos, que usam computadores e comunicações com centros de controle.
"Para aeronave que não voa por instrumentos, o grande vilão é o mau tempo, não há dúvida disso. Mas existem regras estipuladas com mínimos meteorológicos para o voo visual e o voo por instrumento. Ele pode entrar no mau tempo, perder a visibilidade e a consciência situacional e se desorientar, a gente chama de desorientação especial. É muito comum para quem voa visual e entra numa nuvem inadvertidamente", afirma.
Aeronave encontrada
A aeronave foi encontrada pela PM em Paraibuna, às 9h15 desta sexta-feira, 12, após uma busca que já se estendia por 12 dias. No sábado, 13, os corpos das quatro vítimas do acidente foram retirados do local da tragédia.
De acordo com o Major Cezar Augusto Silva, do Comando de Aviação da Polícia Militar, os corpos serão levados por via terrestre para uma fazenda próxima do local onde ocorreu a queda. Depois, devem ir até o Instituto Médico Legal (IML) de alguma das cidades da região, o que ainda não foi definido.
Em um primeiro momento, os Bombeiros planejavam retirar os corpos usando uma aeronave, porém, por conta do mau tempo na região, optaram pela retirada terrestre. A área onde o helicóptero foi encontrado é de difícil acesso.
A aeronave foi localizada pelo Águia 24 em uma área de mata na região de Paraibuna. Na imagem divulgada, é possível ver uma clareira entre a vegetação. Entre as árvores, podem ser vistos alguns destroços. Segundo a PM, foi necessária a ajuda de outra aeronave para acessar o local.
"Todos que estavam a bordo estão naquela região e estão mortos, infelizmente", disse o coronel Ronaldo Barreto, comandante da Aviação da Polícia Militar, durante coletiva de imprensa realizada ainda pela manhã.
"É (uma área) fechada, densa, úmida. Ela é quente durante o dia e fria à noite. E é muito difícil de se locomover dentro dela. Há ainda muitos animais e insetos", disse ao Estadão o tenente da Defesa Civil Estadual Ramatuel Diego Dantas Silvino sobre a região de Mata Atlântica.
A Força Aérea Brasileira (FAB) e a PM procuravam pela aeronave com foco na região da Serra do Mar. Após mais de 60 horas de voo por uma área de milhares de km² que cobriu as regiões de Paraibuna, Natividade da Serra, Redenção da Serra, Serra do Mar de Caraguatatuba e São Luiz do Paraitinga, as autoridades mudaram a estratégia na quinta-feira, 11.
Com base na triangulação do sinal de antenas de celulares, foi definida uma nova abordagem. Em vez de fazer voos mais rápidos, para cobrir uma área maior, as equipes passaram a fazer voos em velocidade e altura menores, em área delimitada, segundo a PM.
"Todos que estavam a bordo estão naquela região e estão mortos, infelizmente", disse o coronel Ronaldo Barreto, comandante da Aviação da Polícia Militar, durante coletiva de imprensa realizada ainda pela manhã.
"É (uma área) fechada, densa, úmida. Ela é quente durante o dia e fria à noite. E é muito difícil de se locomover dentro dela. Há ainda muitos animais e insetos", disse ao Estadão o tenente da Defesa Civil Estadual Ramatuel Diego Dantas Silvino sobre a região de Mata Atlântica.
A Força Aérea Brasileira (FAB) e a PM procuravam pela aeronave com foco na região da Serra do Mar. Após mais de 60 horas de voo por uma área de milhares de km² que cobriu as regiões de Paraibuna, Natividade da Serra, Redenção da Serra, Serra do Mar de Caraguatatuba e São Luiz do Paraitinga, as autoridades mudaram a estratégia na quinta-feira, 11.
Com base na triangulação do sinal de antenas de celulares, foi definida uma nova abordagem. Em vez de fazer voos mais rápidos, para cobrir uma área maior, as equipes passaram a fazer voos em velocidade e altura menores, em área delimitada, segundo a PM.
A hipótese principal é de que a aeronave estava tentando regressar para São Paulo quando a queda ocorreu. Mas os motivos do acidente ainda serão averiguados.
Quem estava no helicóptero?
Os corpos das vítimas estavam nos arredores da aeronave, que se destroçou com a queda, segundo a PM. Entre os passageiros da aeronave estavam Luciana Rodzewics, de 46 anos, e sua filha, Letícia Rodzewics Sakumoto, de 20 anos. Além delas, estavam no helicóptero o piloto (identificado como Cassiano Teodoro) e um amigo da família (Rafael Torres).
Raphael tinha 41 anos e era proprietário da empresa Comexpharma Assessoria, Comércio, Representação, Importação e Exportação de Medicamentos. O empresário era amigo do piloto do helicóptero e convidou as outras duas passageiras para o voo que iria para Ilhabela.
Raphael tinha 41 anos e era proprietário da empresa Comexpharma Assessoria, Comércio, Representação, Importação e Exportação de Medicamentos. O empresário era amigo do piloto do helicóptero e convidou as outras duas passageiras para o voo que iria para Ilhabela.
Luciana tinha 46 anos e era empresária e vendedora. Ela era amiga de Raphael havia cerca de 20 anos e foi convidada por ele para voar rumo ao litoral norte na véspera do Réveillon. Ela tinha uma loja de roupas femininas chamada Mund Girls.
Filha de Luciana, Letícia tinha 20 anos e era dona de um salão de manicure na Zona Norte de São Paulo. Antes, ela teve uma loja de peças e acessórios para celular.
Cassiano Tete Teodoro era o piloto da aeronave. Tinha 44 anos e teve a licença e as habilitações cassadas em setembro de 2021 pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por "condutas infracionais graves à segurança da aviação civil". A Anac diz que ele chegou a recorrer, mas a decisão foi mantida.
Filha de Luciana, Letícia tinha 20 anos e era dona de um salão de manicure na Zona Norte de São Paulo. Antes, ela teve uma loja de peças e acessórios para celular.
Cassiano Tete Teodoro era o piloto da aeronave. Tinha 44 anos e teve a licença e as habilitações cassadas em setembro de 2021 pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por "condutas infracionais graves à segurança da aviação civil". A Anac diz que ele chegou a recorrer, mas a decisão foi mantida.
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