Brasília – O ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu à sede da Polícia Federal em Brasília, nesta quinta-feira (22), para prestar depoimento no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado. No entanto, o ex-chefe do Executivo optou por ficar em silêncio, conforme já havia sido antecipado por sua defesa. Bolsonaro ficou menos de meia hora no local.
Na PF, Fabio Wajngarten, um dos advogados de Bolsonaro, falou com a imprensa e explicou o motivo do silêncio. “Esse silêncio, quero deixar claro que não é simplesmente o uso do exercício constitucional, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos por quais estão sendo imputados ao presidente a prática de certos delitos. A falta de acesso a esses documentos, especialmente as declarações o tenente-coronel Mauro Cid e as mídias eletrônicas obtidas dos telefones celulares de terceiros e computadores impedem que a defesa tenha um mínimo conhecimento de por quais elementos o presidente é hoje convocado", disse Wajngarten.
A investigação faz parte da Operação Tempus Veritatis, deflagrada há duas semanas. De acordo com informações da PF, há "dados que comprovam" que Bolsonaro "analisou e alterou uma minuta de decreto que, tudo indica, embasaria a consumação do golpe de Estado em andamento". Na terça-feira (20), os advogados do ex-presidente chegaram a pedir, ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que Bolsonaro fosse dispensado do depoimento, já que iria permanecer em silêncio. O pedido foi negado pelo ministro.
Outras 23 pessoas foram intimadas a prestar depoimento
Além de Bolsonaro, outras 23 pessoas foram intimadas a prestar depoimento nesta quinta-feira (22). Dos 24 depoimentos, 14 deles serão realizados em Brasília, quatro no Rio de Janeiro, dois em São Paulo, um em Minas Gerais, um Espírito Santo, um no Paraná e um no Mato Grosso do Sul. Todos os depoimentos foram marcados para começar aproximadamente no mesmo horário, a partir das 14h30.
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- General Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF;
- Marcelo Costa Câmara, coronel do Exército;
- Mário Fernandes, ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência;
- Tércio Arnaud, ex-assessor de Bolsonaro;
- Almir Garnier, ex-comandante geral da Marinha;
- Valdemar Costa Neto, presidente do PL;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército;
- Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice de Bolsonaro em 2022;
- Bernardo Romão Correia Neto, coronel do Exército;
- Bernardo Ferreira de Araújo Júnior;
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior, oficial do Exército;
- Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército;
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel do Exército;
- Ailton Gonçalves Moraes de Barros, capitão reformado do Exército;
- Rafael Martins Oliveira, major do Exército;
- Amauri Feres Saad, advogado;
- José Eduardo de Oliveira, pároco;
- Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais;
- Éder Balbino, empresário;
- Laércio Virgílio, coronel reformado do Exército;
- Ângelo Martins Denicoli, major do Exército.
Também permaneceram em silêncio no depoimento o general Walter Braga Netto, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno e o general da reserva Paulo Sergio Nogueira, ministro da Defesa do governo Bolsonaro. A defesa de Braga Netto afirmou que ele "exerceu o direito de ter acesso absoluto e integral a toda investigação para que possa prestar os devidos esclarecimentos".
O ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência Mário Fernandes, o general da reserva Paulo Sergio Nogueira, ministro da Defesa do governo Bolsonaro e o ex-comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier também optaram por não responder às perguntas.
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