Joá, Itanhangá e Jardim Oceânico ficam na parte mais rica da zona oeste da capital fluminenseTânia Rêgo/Agência Brasil
Maioria da população ainda vive a até 150 km do litoral
Região costeira foi onde se iniciou a colonização, em 1500, e abrigou as duas primeiras capitais - Salvador e Rio de Janeiro
A maior parte dos brasileiros - 111,27 milhões - vive em uma estreita faixa de apenas 150 quilômetros de largura ao longo de todo o litoral do Brasil. No total, 54,8% da população se aglomera perto da praia, segundo dados do Censo 2022 agregado por Setores Censitários Preliminares - População e Domicílios, divulgado nesta quarta-feira (20) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A região costeira foi onde se iniciou a colonização, em 1500, e abrigou as duas primeiras capitais - Salvador e Rio de Janeiro. Além da faixa litorânea, o trabalho destacou outra área, também de 150 quilômetros, ao longo de toda a fronteira do Brasil com outros países da América do Sul. Nessa região fronteiriça, vivem 9,416 milhões de brasileiros, ou 4,6% da população. Já no centro do País propriamente dito estão 83,157 milhões de pessoas, ou 41% dos brasileiros. Essa porção engloba grandes centros urbanos, como Belo Horizonte e Brasília.
Setor censitário
No trabalho, o País surge dividido por setores censitários. Trata-se de uma unidade territorial de coleta e divulgação de dados estatísticos menor do que Estado, município, distrito e subdistrito. Ela oferece, porém, dados territoriais mais detalhados em níveis regionais.
Para se ter ideia, enquanto o País tem 26 Estados, o Distrito Federal e 5.570 municípios, o IBGE delimita nada menos que 452 338 setores censitários. "Esses dados são muito usados pelo poder público, pesquisadores, universidades", explica o pesquisador do IBGE Raphael Moraes. "É uma oportunidade que se tem de se chegar a dados em nível local, em um recorte muito mais detalhado. É como se colocássemos lupa em cima dos dados do município." Entre as aplicações, estão o planejamento de políticas públicas urbanísticas, como de moradia e mobilidade, ou de saúde pública, como campanhas de vacinação.
Conforme divulgou o IBGE, entre os censos de 2010 e 2022, 135 764 setores censitários foram adicionados. "É um incremento de 43%, refletindo o crescimento de edificações no território verificado no período. Além disso, apesar da redução da desaceleração do crescimento da população na última década, houve um aumento de 34% no quantitativo de domicílios em relação ao Censo 2010, o que se reflete na malha de setores censitários", disse o pesquisador Fernando Damasco.
Recortes possíveis
Os pesquisadores apresentaram alguns exemplos nos quais o uso dos dados por setor censitário seria mais eficiente do que por município ou mesmo por distrito e subdistrito. O principal deles foi, justamente, a divisão entre litoral, fronteira e centro do País.
Mas houve outros, incluindo até análise por avenidas. Um dos exemplos dados foi o da Avenida Brasil - a via de 58 quilômetros que corta 28 bairros do Rio, do centro até a zona oeste, e é considerada a principal via expressa da capital. A equipe do IBGE analisou uma faixa de 500 metros de cada lado da Avenida Brasil, somando nada menos que 999 setores censitários. Neste espaço vivem 486 mil pessoas, em 219 mil domicílios.
No ranking de setores censitários com mais pessoas no Brasil, as duas primeiras posições ficaram em Brasília (10.163 pessoas) e Vila Velha (7.756 pessoas), nos setores onde estão, respectivamente, o Complexo Penitenciário da Papuda e a Penitenciária Estadual de Vila Velha. O distrito que apresentou maior média de moradores por domicílio ocupado foi Toricueije (6,6 moradores), em Barra do Garças (MT).
O nível de detalhamento das informações também pode ser útil, conforme os técnicos, no mapeamento de habitações em áreas de risco, como no litoral norte de São Paulo.
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