Djidja, a mãe Cleusimar Cardoso e o irmão, Ademar CardosoReprodução/redes sociais
Publicado 02/06/2024 09:33
Amazonas - O delegado Cícero Túlio, que lidera as investigações do caso Djidja Cardoso, relatou que foi convidado por Cleusimar Cardoso, mãe da ex-sinhazinha do Boi Garantido, a ingressar na seita "Pai, Mãe, Vida". A organização, criada pela família, tinha forte cunho religioso e é acusada de distribuir ketamina, anestésico que se tornou droga ilícita nos anos 80, para acessar "outras dimensões".
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Djidja, de 32 anos, foi encontrada morta em sua casa, na última terça-feira 28, Manaus, capital do Amazonas. Nesta quinta-feira (30), a mãe e o irmão da influenciadora foram presos suspeitos de associação para o tráfico e venda de drogas, além de estupro — no caso do irmão Ademar Cardoso.
Em entrevista ao programa na TV A Crítica, o delegado relatou algumas falas da mãe de Djidja, enquanto ela estava em contato com a equipe policial, após ser presa com o filho.
"Tivemos uma conversa para compreender melhor os conceitos que eles colocavam nessa seita e como eram encarados. Em certo momento, ela me disse que eu precisava estar inserido para entender, que isso transcende para outra dimensão", contou o delegado.
As investigações apontam que Ademar Cardoso, que se apresentava como Jesus, e sua mãe Cleusimar, como Maria, usavam a droga como parte de suas práticas espirituais. Já Djidja, era vista como Maria Madalena. O inquérito revelou que seu irmão utilizava o livro "Cartas para Cristo" como guia, defendendo que o uso de ketamina e meditação poderia levar ao autoconhecimento.
Além da prisão dos dois, também foram expedidos mandados contra três funcionários da rede de salões Belle Femme, também comandado pela família, onde funcionava como uma base da seita.
De acordo com o delegado, ao longo das operações nas unidades da rede, foram encontrados centenas de seringas, algumas prontas para serem usadas, além de doses da droga.
Ex-sinhazinha do Boi Garantido também era investigada
Djidja Cardoso, que morreu na semana passada, era investigada pela Polícia Civil do Amazonas por fazer parte dessa seita com a família. Eles obrigavam funcionários de uma rede de salões de beleza a consumirem ketamina, um tipo de droga com efeitos alucinógenos.
"A morte tem peculiaridades, principalmente pela possibilidade de uso de fármacos psicotrópicos. Há a possibilidade de ter havido um abuso que levou ao óbito dela (...) Não trabalhamos ainda com a hipótese de homicídio. Para que eu possa dizer que teve uma morte violenta e um homicídio, preciso de elementos de autoria. É o que estamos levantando", explica o delegado Daniel Antony, da Delegacia de Homicídios.
As investigações apontam que a droga era obtida de forma irregular em uma clínica veterinária. Vítimas relataram aos policiais terem sido dopadas e mantidas em cárcere privado.
"Diversas pessoas já foram ouvidas no decurso da investigação. Duas pessoas relataram fatos criminosos que levam a crer na possibilidade prática de estupro de vulnerável. Inclusive, com a possibilidade de ter acontecido um aborto com uma dessas garotas", disse o delegado Cícero Túlio.
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