Fachada do prédio da antiga Boate Kiss é demolidaReprodução/RBSTV

A fachada do prédio da antiga Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, foi demolida nesta segunda-feira (29). O lugar onde aconteceu um grande incêndio funcionará como um centro de homenagem às 242 vítimas fatais da tragédia.
As paredes externas do edifício, na Rua dos Andradas, no Centro, foram derrubadas. O processo começou por volta das 8h e antes das 9h já havia acabado. Até o fim de semana, cerca de 45 caminhões deverão retirar o entulho.
No espaço, em uma área de 383 m², serão construídas três salas: um auditório com capacidade para 142 pessoas, uma sala multiuso e uma sala que vai funcionar como sede da associação de vítimas. Ao centro haverá um jardim circular com 242 pilares de madeira em volta. Cada um terá o nome de uma vítima do incêndio e um suporte para flores.
As obras vão durar oito meses, serão realizadas pela Incorporadora Farroupilha, de Triunfo, que venceu a licitação, e vão custar R$ 4.870.004,68. Um fundo do Ministério Público do Rio Grande do Sul vai pagar R$ 4 milhões, e o restante caberá à prefeitura de Santa Maria.
Relembre
Um dos maiores desastres do Brasil aconteceu em 27 de janeiro de 2013. A Boate Kiss estava sediando uma festa universitária com um show da banda Gurizada Fandangueira.
Durante a apresentação, o vocalista Marcelo de Jesus Santos tentou iniciar um show pirotécnico e apontou o objeto que tinha em mãos para cima. As fagulhas atingiram o teto do estabelecimento e deram início ao incêndio.
O calor e a fumaça tóxica rapidamente foram percebidos, mas muitos não conseguiram sair a tempo. O acidente causou a morte de 242 pessoas e deixou mais de 600 feridos.
Processo
Quatro pessoas são acusadas pelas mortes e foram condenadas por homicídio simples com dolo eventual, em júri que durou dez dias, em dezembro de 2021.
O empresário Elissandro Callegaro Spohr, sócio da casa noturna, foi condenado a 22 anos e seis meses de prisão; o empresário Mauro Londero Hoffmann, sócio da casa noturna, foi condenado a 19 anos e seis meses de prisão; Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira, que cantava na boate na noite da tragédia e que levantou o artefato pirotécnico que deu origem ao fogo, foi condenado a 18 anos de prisão; e Luciano Augusto Bonilha Leão, produtor que comprou e ativou o fogo de artifício, foi condenado a 18 anos de prisão.
Em agosto de 2022 o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul anulou o julgamento, alegando irregularidades na escolha dos jurados e nos quesitos elaborados e suposta mudança da acusação na réplica, o que não é permitido. Essa anulação foi mantida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em setembro de 2023.
Em 2 de maio passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal o restabelecimento da condenação dos quatro réus. Para a PGR, as nulidades elencadas não causaram prejuízo aos acusados.
*Com informações do Estadão Conteúdo