Silvio Santos Foto reprodução Internet

Rio - Um dos maiores ícones da TV brasileira, Silvio Santos morreu aos 93 anos na madrugada deste sábado (17), às 4h50. O apresentador, que estava internado desde 1º de agosto no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, teve sua morte confirmada através das redes sociais do SBT. Ele faleceu em decorrência de uma broncopneumonia após infecção por H1N1.
"Hoje o céu está alegre com a chegada do nosso amado Silvio Santos. Ele viveu 93 anos para levar felicidade e amor a todos os brasileiros.", iniciou o comunicado da emissora nas redes sociais. A família é muito grata ao Brasil pelos mais de 65 anos de convivência com muita alegria. Para nós, o Senor Abravanel é ainda mais especial e somos muito felizes pelo presente que Deus nos deu e por todos os momentos maravilhosos que tivemos juntos", seguiu.
"Aquele sorriso largo e voz tão familiar será para sempre lembrada com muita gratidão. Descansa em Paz que você sempre será eterno em nossos corações", finalizou a emissora.
Silvio Santos, nascido Senor Abravanel em 1930 no Rio de Janeiro, teve uma infância marcada pelas dificuldades. Filho de imigrantes judeus, cresceu em uma família modesta com cinco irmãos. Desde cedo, Silvio demonstrou seu espírito empreendedor, mesmo quando ainda era apenas um garoto que frequentava cinemas de graça com seu irmão Léo.
Em um episódio marcante de sua juventude, Silvio, então com 11 anos, ficou extremamente chateado ao ser impedido por sua mãe de ir ao cinema devido a sintomas de gripe. Nesse dia, o cinema em questão pegou fogo, o que poderia ter causado uma tragédia pessoal.
O primeiro passo na carreira: a vida de camelô
Em 1946, com apenas 16 anos, Silvio Santos encontrou sua primeira oportunidade de negócios. Durante as eleições daquele ano, ele teve a ideia de vender capas de plástico para títulos de eleitor nas ruas do Rio de Janeiro. A tática que adotou para convencer os compradores — dizer que era sua última capa — revelou sua habilidade natural para as vendas. Essa experiência foi crucial para o jovem, que continuou a trabalhar como camelô e se formou em Contabilidade.
Apesar de enfrentar a fiscalização nas ruas, sua desenvoltura e talento para a comunicação chamaram a atenção, levando-o a um concurso de locutores na Rádio Guanabara. Competindo com nomes que viriam a se tornar ícones da comunicação, como Chico Anysio, Silvio saiu vitorioso, marcando o início de sua carreira artística.
Ascensão no rádio e o nascimento do empreendedor
Embora sua primeira experiência na rádio tenha sido breve devido ao baixo salário, Silvio Santos logo retornou ao mundo das vendas, mas sem abandonar sua paixão pela comunicação. Ele frequentava auditórios de programas de rádio e observava atentamente grandes nomes, como César de Alencar, absorvendo técnicas de interação com o público.
Mais tarde, já desligado do exército, Silvio combinava suas atividades como locutor com a venda de produtos em escritórios e repartições. Sua veia empreendedora floresceu quando teve a ideia de instalar um serviço de alto-falante na barca que fazia a travessia Rio-Niterói, onde anunciava produtos, reforçando sua habilidade de unir comunicação e negócios.
A televisão e o sucesso empresarial
O primeiro programa de televisão de Silvio Santos foi ao ar em 1961, com "Vamos Brincar de Forca", exibido pela TV Paulista. A partir daí, ele comprou horas na programação dominical e lançou o icônico "Programa Silvio Santos". Seu sucesso foi consolidado ao longo dos anos, com programas que marcaram época, como "Qual é a Música?", "Porta da Esperança" e "Show do Milhão".
Além do sucesso na TV, Silvio construiu um império empresarial. Em 1959, ele assumiu o Baú da Felicidade, transformando a empresa em um negócio rentável. Em 1981, fundou o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), uma das maiores redes de televisão do país.
O apresentador foi homenageado em vida, de uma forma alegre como ele costumava ser.  O enredo do desfile da Tradição em 2001 carregava a energia e o carisma característicos de Silvio Santos: "Hoje é domingo, é alegria, vamos sorrir e cantar!". Com essa temática, a escola levou à avenida uma celebração da alegria e do entretenimento, elementos que sempre estiveram presentes na carreira do homenageado.
O desfile contou com a participação de grandes figuras do SBT, além do próprio Silvio Santos. Entre os destaques, estavam Lombardi, Liminha, Gugu, Hebe Camargo, Ratinho e Carlos Alberto de Nóbrega. A presença dessas personalidades reforçou a importância do apresentador na história da televisão brasileira e na vida de milhões de telespectadores.
A escolha do SBT em exibir novamente esse desfile destaca a relevância da homenagem feita pela Tradição, que ficou em 8º lugar naquele Carnaval. A decisão de Silvio Santos de alterar a programação da emissora para essa exibição especial evidencia o impacto emocional que essa celebração tem tanto para o público quanto para o próprio homenageado.
Legado e vida pessoal
Silvio Santos, ao longo de sua vida, se tornou um dos empresários mais influentes do Brasil, com uma fortuna avaliada em R$ 1,7 bilhão em 2021. Casado duas vezes, é pai de seis filhas, algumas das quais também seguiram carreira na televisão. 
O primeiro casamento de Silvio Santos foi com Maria Aparecida Vieira Abravanel, a Cidinha, em 15 de março de 1962. Ela nasceu em São Paulo, em 1938. Eles se conheceram na Rádio Nacional. Da relação nasceram as duas filhas mais velhas, Cintia e Silvia. Com um câncer no aparelho digestivo, ela faleceu aos 38 anos, em 1977.
O segundo casamento ocorreu em 20 de fevereiro de 1981, com Iris Pássaro Abravanel. Iris trabalhava no Baú da Felicidade. Eles tiveram quatro filhas: Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata.