Cuidadora é investigada por quebrar braço e agredir criança com deficiência no DFReprodução/vídeo

Uma técnica de enfermagem está sendo investigada pela Polícia Civil por quebrar o braço e agredir uma criança de apenas dez anos, com deficiência, em Taguatinga Sul, no Distrito Federal. Câmeras de segurança instaladas na casa da família da vítima registraram as agressões.
A menina tem a síndrome de Moebius, um distúrbio neurológico que afeta os nervos cranianos que controlam os músculos da face e dos olhos. A condição leva à deficiência motora do rosto, resultando em pouca expressividade facial. Além disso, a menina tem autismo nível quatro, e recebe atendimento domiciliar de cuidadoras.
Desde que nasceu, a vítima é assistida por atendimento domiciliar. Porém, as suspeitas de possíveis maus-tratos cometidos por uma das cuidadoras só surgiu há cerca de um mês, após uma médica da equipe alertar a mãe sobre o comportamento diferente da criança. 
Com a desconfiança, câmeras de segurança foram instaladas no quarto da menina. Os flagrantes das agressões aconteceram entre a última quinta-feira (20) e sexta-feira (21), enquanto a vítima dormia. De acordo com a mãe da menina, a cuidadora viu o técnico instalando o equipamento.
Em uma das imagens, Fernanda Aparecida da Conceição Borges, de 25 anos, aparece puxando a criança pelo pescoço, e dando um soco nos joelhos dela. Depois, cobre o rosto da menina com um pano e, por fim, torce um dos braços dela, provocando uma fratura.

Em uma outra gravação, a mulher dá um tapa no rosto da menina. Em outro momento, puxa a orelha dela, e enche a boca dela de gases, até que ela não consiga fechar os lábios. "Ela fez isso para que minha filha não babasse, e não precisasse ficar limpando", comentou a mãe.

Na madrugada do dia 22, a mãe percebeu que o braço da filha estava inchado e vermelho, e acionou uma ambulância para levá-la ao hospital. Na unidade, a equipe médica constatou a fratura, e outras fraturas em diversas articulações do corpo, que já estavam se recuperando, indicando agressões anteriores.
"Minha filha não verbaliza e, também, não chora. Então ela não conseguia demonstrar que estava sendo agredida ou machucada. Por conta do autismo, ela se automutila e se debate, não sabíamos se os hematomas eram decorrentes desses episódios ou se seriam de agressões vindas da cuidadora", explicou a mãe da criança, que não teve a identidade revelada.
A família ainda foi surpreendida com um pedido de demissão da técnica de enfermagem assim que o plantão dela foi finalizado. Ela pediu demissão da empresa para a qual prestava o serviço de home care e encerrou a própria linha telefônica. Ela também bloqueou a mãe da criança e outras profissionais que cuidavam dela das redes sociais.
Segundo a mãe da vítima, a técnica de enfermagem cuidava da criança há seis meses e revezava turnos de 12 horas com outras quatro cuidadoras. Ainda de acordo com ela, na prática, a mulher ficava cerca de quatro dias seguidos cuidando da criança, durante o dia. 
"Estou chorando há dois dias. É uma dor muito grande saber que minha filha passou por isso. Sensação de que não posso dormir, porque preciso protegê-la", lamentou a mãe.
A menina ficou internada no hospital durante o fim de semana, mas recebeu alta e vai continuar o tratamento em casa. Ela também deve passar por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). O caso foi registrado como lesão corporal na 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro).
A Polícia Civil informou que um inquérito policial foi instaurado para aprofundamento da investigação, exames periciais foram solicitados, incluindo exame de corpo de delito indireto devido à condição da vítima. Além disso, "diligências em andamento para localização da investigada".
"A Polícia Civil do Distrito Federal reafirma seu compromisso com a investigação rigorosa dos fatos e a adoção das medidas cabíveis para garantir a proteção de vítimas em situação de vulnerabilidade", concluiu.
Em nota ao O DIA, O Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) afirmou que vai abrir uma investigação para apurar a conduta da técnica de enfermagem. A agressora possui registro de técnica ativo desde junho do ano passado. 
Segundo o órgão, o processo tramitará em sigilo, conforme previsto no Código de Ética da Enfermagem, até a conclusão das investigações e do julgamento ético-disciplinar. Todos os envolvidos no caso serão ouvidos.

"O Coren-DF reitera seu compromisso com a ética e a integridade na profissão, assegurando que todas as medidas necessárias serão tomadas para garantir o correto andamento do processo e, no caso da comprovação da infração, aplicar as sanções cabíveis", informou.