Vitória Regina de Sousa foi encontrada morta com sinais de crueldadeReprodução/Redes Sociais

A polícia descartou a participação de Carlos Alberto Souza, pai de Vitória Regina, como suspeito pela morte da filha. A informação foi divulgada pela equipe de investigação nesta segunda-feira (10), em coletiva de imprensa para atualizar as informações do caso. O delegado Luiz Carlos do Carmo também afirmou ter encontrado vestígios de sangue no carro que pertence a Maicol Antonio Sales dos Santos, preso no último sábado (8).
Após uma semana desaparecida, o corpo da adolescente, de 17 anos, foi encontrado com marcas de violência, cabelo raspado e sem roupas em uma área de mata em Cajamar, na Grande São Paulo.
Carlos Alberto Souza, pai da jovem, havia sido incluído na lista de suspeitos após a investigação citar um "comportamento estranho" e dizer que ele pediu um terreno ao prefeito da cidade de Cajamar em um dos primeiros contatos entre os dois logo após a confirmação da morte de Vitória. A informação foi divulgada na segunda, pela CNN Brasil.
Em nota ao O DIA, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) havia dito que, "como toda investigação de homicídio, a lista de suspeitos é elaborada com base nas pessoas próximas a vítima ou ao crime, sendo alterada com o desenrolar das investigações".
"A Polícia Civil de Cajamar permanece com as diligências para identificar e prender outros envolvidos. (...) Os resultados dos laudos de exames periciais também são aguardados. Mais detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial", ressaltou em nota.
A defesa de Carlos Alberto, por meio do advogado Fabio Costa, havia informado que tentaria reverter a situação, já que achava a decisão "absurda".

O advogado disse que o pai de Vitória nunca foi ouvido formalmente pela polícia, por isso não deu detalhes sobre o dia do desaparecimento. Ele relatou que Carlos Alberto foi incluído entre os suspeitos por omitir o detalhe de que ligou várias vezes para sua filha na data do sumiço.
Durante coletiva, o delegado Luiz Carlos do Carmo, do Departamento de Polícia da Macro São Paulo (Demacro), os principais suspeitos no momento são Gustavo Vinícius, ex-companheiro da vítima, Maicol Antônio Sales, preso no último sábado (8), e Daniel Lucas. 
"A equipe de investigação tem que conduzir esse processo de forma imparcial. E assim teve início a investigação a partir das pessoas que estavam próximas à vítima, como o pai e o namorado. Nós fizemos a investigação de todas essas pessoas. A partir de todas as diligências iniciais, de imediato se descartou que o pai esteja envolvido nesse crime. Então gostaria de dizer que não existe investigação contra o pai da vítima", afirmou.
Sangue no carro
Luiz Carlos do Carmo disse que a perícia encontrou manchas de sangue no porta-malas do carro de Maicol. O material genético será submetido a exames laboratoriais. Mas, segundo o delegado, "tudo indica" que seja de Vitória Regina. O laudo deve ficar pronto em até 40 dias.

De acordo com o delegado, "não há dúvida" de que Maicol estava próximo ao local no momento em que Vitória Regina foi raptada.
"Contra o Maicol há provas testemunhais que não deixam dúvida de que ele estava próximo. Além disso, ficou comprovada a mentira dele. Ele disse que havia dormido com a esposa. A mulher fala que dormiu na casa da mãe no dia. Vizinhos à residência dele também comentaram que houve uma movimentação anormal naquela noite, com gritos. Vários vizinhos deram esse depoimento", disse.
Carmo afirma ainda que a Polícia Civil deve voltar a pedir a prisão de Daniel, já que, dias antes do crime, o rapaz teria feito vídeos do trajeto que Vitória percorria do ponto de ônibus até a casa onde morava.

"Estava gravado no celular do Daniel, três ou quatro vezes, o trajeto do lugar que a vítima desceu [do ônibus] até a residência. Pode ser uma filmagem já preparando o local onde seria o arrebatamento", explicou.
Relembre o caso
O corpo da adolescente, que estava desaparecida há uma semana, foi encontrado pela polícia com marcas de violência, cabelo raspado e sem roupas em uma área de mata em Cajamar, na Grande São Paulo, na última quarta-feira (5).
De acordo com a Guarda Civil Metropolitana (GCM), a jovem tinha ferimentos profundos na garganta. O corpo estava nu e parcialmente esquartejado, sinais indicativos de crueldade. Os braços estavam amarrados com uma fita plástica. Como o corpo pode ter permanecido um certo tempo no local, há também a hipótese de que alguns ferimentos tenham sido causados por animais.

Ela desapareceu no dia 26, após descer do ônibus quando retornava do trabalho para casa. Durante o trajeto, a adolescente relatou "medo" por estar sendo seguida. O pai de Vitória disse à polícia que sempre buscava a filha no ponto de ônibus, mas naquele dia seu carro estava em uma oficina mecânica e ela faria o percurso a pé.

Imagens de câmeras obtidas pela polícia mostram quando Vitória sai do shopping de Cajamar e caminha em direção a um ponto de ônibus. Em mensagens de WhatsApp trocadas com uma amiga, ela conta que há dois rapazes no local e diz que está "com medo". A amiga recomenda que faça fotos deles, mas ela manifesta receio de ser vista tirando a foto.

Em seguida, ela toma o ônibus e informa que um deles também subiu no coletivo. A amiga pergunta se ele a está seguindo e ela responde: "Espero que não". Logo depois ela informa que desembarcou e ele continuou no ônibus, manifestando seu alívio por isso. Testemunhas relataram à polícia terem visto um carro com quatro homens seguindo Vitória, depois que ela desceu do ônibus e caminhava em direção à sua casa.
Um homem foi preso no último sábado (8) por suspeita de envolvimento no crime, após ter mandado de prisão expedido pela Justiça. Maicol Santos é investigado como o dono do veículo prata visto na cena do crime.
Ainda de acordo com a SSP, o local onde a jovem foi levada antes do crime foi localizado e a perícia, acionada. A polícia tinha pedido a prisão temporária de um segundo suspeito, Daniel Pereira, mas a Justiça negou. Autorizou, no entanto, busca e apreensão em sua residência.

A primeira prisão do caso pode ajudar a começar a revelar a motivação do crime. A possibilidade de um crime passional, praticado por pessoas que se relacionaram com Vitória, e ameaça são algumas das hipóteses apuradas. A polícia investiga inclusive um possível triângulo amoroso entre a vítima e dois homens.