Líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ)Câmara dos Deputados
Líder do PT na Câmara aciona STF contra PEC da Blindagem
Lindbergh Farias afirma que houve violação ao rito, abuso de poder e desvio de finalidade na aprovação da medida
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a proposta de emenda à Constituição (PEC) que blinda parlamentares de processos criminais, aprovada pela Câmara na terça-feira (16). No mandado de segurança, o petista afirma que houve violação ao rito, abuso de poder e desvio de finalidade na aprovação da medida.
Ao anunciar que entraria na Justiça contra a PEC da Blindagem na sessão desta quarta-feira, 17, Lindbergh foi ironizado pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). "Só nos cabe aqui, depois de recorrer à CCJ, recorrer ao STF", disse o petista, ao que Motta respondeu: É um direito de Vossa Excelência ir ao Supremo, como Vossa Excelência faz quase que diariamente".
O embate entre Motta e Lindbergh ocorreu após uma votação relâmpago que modificou o texto aprovado pela Câmara na terça. Em uma manobra regimental, o Centrão reagiu e devolveu à PEC a previsão de votação secreta para autorizar processos criminais contra parlamentares.
Ao STF, Lindbergh alega violação ao rito legislativo. O petista aponta irregularidades na leitura do relatório e na conversão do formato da sessão para semipresencial. As manobras permitiram agilidade no trâmite do projeto, além de garantir o quórum necessário para a apreciação de uma PEC.
Segundo o petista, o trâmite do projeto desrespeitou os princípios da publicidade e transparência. "O cabimento da presente ação é inequívoco porque não há outro meio processual hábil a proteger o direito líquido e certo do parlamentar, qual seja, o de participar de forma plena e regular do processo legislativo constitucional", argumentou o líder do PT.
Como mostrou o Estadão, a aprovação da PEC da Blindagem ocorreu após uma costura nos bastidores entre governistas e Centrão para "rifar" o projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados pela tentativa de golpe em 8 de Janeiro Nas negociações, o Centrão aceitou não permitir, no projeto de lei da anistia, a extensão do perdão ao ex-presidente; em troca, o PT avalizou a aprovação do projeto que dificulta investigações contra parlamentares.
Pela sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), houve 12 votos a favor da PEC no primeiro turno de votação e dez no segundo.
A licença prévia para processar deputados federais estava prevista na Constituição de 1988. Como mostrou o Estadão, ao menos 224 pedidos de licença prévia para processar parlamentares foram barrados pela Câmara e Senado no período em que o mecanismo esteve em vigor. Sob pressão popular, o trâmite foi alterado em 2001.
Além de dificultar a abertura de investigações futuras, a PEC da Blindagem trava, de imediato, 36 inquéritos no STF contra 108 parlamentares.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.