atila10Paulo Márcio
Por Átila Nunes
Publicado 10/07/2021 00:00
Fanáticos religiosos julgam os seguidores dos cultos afro-brasileiros — e até mesmo da Doutrina Espírita de Kardec — como praticantes de feitiçaria, rótulo de uma antiga prática da magia. A crença é de que o feitiço atingiria não apenas o corpo, mas como também a mente a quem ele se dirige.
Não tenho dúvida de que até mesmo não fanáticos religiosos podem olhar enviesados para os que se revelam umbandistas ou candomblecistas, já que os rituais facilitam essa equivocada interpretação. Em primeiríssimo lugar, Deus jamais daria o poder a alguém para afetar um semelhante através de uma magia maligna. Se assim fosse, como diz o ditado popular, "campeonato baiano de futebol terminaria sempre empatado", tamanha a quantidade de terreiros por lá.
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Vamos por partes. Quem é praticante de uma fé religiosa, se acha que está sob um manto divino de proteção. Engano! "Fé sem obras é morta" (apóstolo Thiago). De nada adianta frequentar missas, cultos e sessões espíritas se não se tem um comportamento coerente com aquilo em que se acredita. O que não dá é para se pregar a caridade numa sessão, e na rua, pregar o contrário. Nossa fé tem que fazer a diferença.
A magia, afinal, existe? E esse papo de 'amarração' que promete trazer seu amor em uma semana? Existe, sim, a magia mental, que se materializa como magia verbal. Quando proferimos palavras ruins, carregadas de ressentimento, palavras destrutivas, estamos influindo as vidas de terceiros. Até que ponto, contudo? 
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É impressionante como, para punir alguém, o ser humano busca os caminhos da magia, acreditando que atingirá seus objetivos. Muitos perguntam: "alguém fez uma macumba para mim?". Pode-se chamar de macumba, feitiço ou "trabalho", o fato é que tem gente que entra em pânico quando crê que está tudo dando errado por conta de alguma magia que lhe é dirigida.
Evidentemente, nem tudo são flores, não existem apenas boas energias no mundo. Energias negativas campeiam nosso planeta, em menor número do que as positivas. Causam danos? Sim, mas até que ponto? Ninguém é dono da fórmula de manipulação dessas energias, que podem interferir em nossas vidas. Por isso, é possível precaver-se dessas energias negativas, precaver-se de uma interferência no amor, nos negócios, na família, na saúde.
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Por maior que seja a energia negativa, ninguém tem poder de "trazer o ser amado em 7 dias". O fato é que isso lembra o que ocorre com a covid: alguns são imunes e outros não. Existem pessoas em que essas energias negativas não causam nem cócegas, enquanto outras sentem a negatividade física e mentalmente. Para quem não tem desvios de comportamento, para quem nunca atingiu alguém de forma prejudicial, é impossível se sofrer por causa de uma força negativa.
Os que têm uma "imunologia" alta sempre estarão melhor protegidos. Outros, não obstante, sentem imediatamente essa vibração ruim. É assim que funciona com nosso espírito, sempre preservado nas boas atitudes, jamais nos valendo de más escolhas que permitem o acesso de maus fluidos. Por isso, a importância de nossas escolhas. Quando prejudicamos alguém, nos colocamos na lista dos que podem ser prejudicados.
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Quando me perguntam se "macumba pega", costumo rir. Mediunidade não é propriedade dos que creem no mundo espiritual. O que existe é a ação dos agentes das sombras, os espíritos ruins, atraídos para fazer o mal, mas que não têm o poder de criar o mal. No máximo, apenas alimentam o mal que já existe dentro de nós mesmos.
O absurdo é detectado numa possível "amarração", esquecendo o(a) autor(a) do pedido da "empreitada", que está agindo egoisticamente, sem qualquer preocupação se fará mal a terceiros, até mesmo a crianças. O fato é que — graças literalmente a Deus — nem o(a) autor(a) do pedido, nem o médium e nem o espírito evocado vão exercer qualquer influência irresistível sobre o "ser amado", pois não é essa a função dos espíritos. 
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