Dia desses, passeando na praia de Copacabana, lembrei de um fato que na época gerou burburinho, até hoje há quem recorde e, não raramente, surge um doido propondo situação similar.
Atenção ao que rolou em 1961.
Pensando nos bons costumes da família brasileira, o presidente da República Jânio Quadros tomou uma atitude para lá de enlouquecedora: proibir o uso do biquíni.
Jânio elegeu o biquíni como vilão número 1. Quem quisesse frequentar as quentes areias ou até mesmo clubes, precisava se enquadrar com maiô ou roupas mais longas.
Não satisfeito com a inusitada atitude, estimulou grupos de fiscalização. Pessoas ficavam rondando as praias atrás de mulheres que estavam burlando a determinação presidencial.
Rolava multa e tudo.
Claro que existiram resistentes que mandaram às favas o decreto biruta do Jânio, demonstrando que a banda não tocaria da maneira precisa.
Mulherada unida fez o bigodudo presidente e os fiscais comerem poeira. Costuma ser assim na história, aviso.
A carreira política de Jânio seria ainda marcada pela proibições do uso de lança-perfume no Carnaval e, quando prefeito de São Paulo, da garotada andar de skate.
Ainda em 1961, Jânio parou o Brasil ao renunciar ao cargo máximo da República. Deu no que deu.
Não demorou para o decreto desaparecer, permitindo que o biquíni voltasse a sair do armário sem risco de perder uns tostões.
Dez anos depois, a atriz Leila Diniz chocou os puritanos posando grávida e de biquíni.
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Miriam Etz, a primeira a usar biquíni no Arpoador
Alemã, a pintora Miriam Etz pisaria no Brasil para revolucionar um costume: o de como se vestir para aproveitar a praia.
Antes dela, mulheres iam cheias de dedos curtirem um solzinho. As roupas fechadas predominavam.
No verão de 1948, inspirando-se no traje criado pelo estilista francês Louis Réard, Miriam costurou um biquíni, experimentou, gostou e foi para o Arpoador.
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