Jorge PerlingeiroDivulgação
Por O Dia
Publicado 20/03/2021 05:00
Na noite da última quinta-feira, Jorge Perlingeiro foi eleito presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa). Dono do bordão 'dez, nota dez', Jorge conversou com a coluna sobre Carnaval, pandemia e os desafios que vai enfrentar ao assumir seu novo posto.
Eduardo Paes é um prefeito que gosta do Carnaval. Você acha que vai poder contar com o apoio dele?
Eu acho que a gente vai contar com o apoio dele em qualquer situação. Eduardo é um excelente administrador e é carioca, vibra com a cidade. Sua volta à prefeitura é motivo de muita alegria. A nossa última gestão é para esquecer e nunca mais lembrar. A gestão do Marcelo Crivella é uma página virada. Eduardo adora Carnaval, portelense e nas outras gestões sempre prestigiou o Carnaval do primeiro ao último dia, é entusiasta do Carnaval e tenho a certeza de que ele está tão preocupado quanto nós. Durante a assembleia que eu fui eleito o presidente da Liga, eu disse que nós teríamos um período de espera para que a vacina chegue o mais rápido possível e para todos. Em julho, no mais tardar em setembro, temos que ter a garantia se vamos ou não ter Carnaval em 2022. Quatro meses são suficientes para as escolas de samba montarem a sua festa até porque as ordens dos desfiles e os enredos já estão escolhidos. Vou procurar o Eduardo no próximo mês para conversar e decidir o que vamos fazer e assinar o contrato para viabilizar o evento para o ano que vem. Temos que preparar tudo e, se Deus quiser, vamos ter Carnaval em fevereiro de 2022. Caso isso não ocorra, ele será automaticamente transferido para julho. A exemplo do Rock In Rio, que o Roberto Medina cancelou o evento de setembro e fez um contrato amarrado para uma transferência automática.
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Você completaria 30 anos à frente da apuração este ano. Mas não houve Carnaval. Você vai continuar apresentando a apuração?
Eu recebi o convite lá atrás. Foi o Capitão Guimarães que me chamou e eu não aceitei de imediato o convite porque achei que seria uma grande responsabilidade. Depois decidi aceitar e encarar como mais um desafio na minha carreira de comunicador. Conduzir a apuração do Carnaval do Rio muito me honra e eu devo conduzir, sim, a apuração de 2022 porque quero completar 30 anos desse ciclo. Seria em 2021, mas vai ficar para o próximo. Na qualidade de presidente da Liga, eu concedo e autorizo que eu seja o locutor oficial da apuração (risos).
É verdade que você quer tirar a apuração da Marquês de Sapucaí? Para onde ela iria?
É uma sugestão. Há alguns anos, eu sou testemunha ocular e posso falar o que eu vejo: como homem de produção e de televisão e rádio, eu sempre vi aquele espaço, aquele evento como mal- aproveitado. Não é nenhuma crítica à TV Globo. Pelo contrário. Como donos do espetáculo, eles tem o direito de fazer o que querem, mas eu falo com espectador. A apuração é a grande cena do Carnaval. Quando acaba o Campeonato Brasileiro, por exemplo, os jogadores recebem as medalhas, o capitão do time ergue a taça, tem chuva de papel picado, fogos de artifícios e tudo termina em uma grande mágica. Eu vejo que, infelizmente, quando termina apuração das escolas de samba, nada mais acontece. Não é mostrado a entrega dos troféus, as pessoas invadem o espaço porque não tem estrutura e, para piorar, aquele calor de mais de 40 graus por causa do horário de 15h45 de uma quarta-feira. Os presidentes e componentes das escolas apertados e colados naquelas barraquinhas... Foi sugestão. Eu não tenho nem condições de mandar a Globo fazer isso ou aquilo, mas já conversei com os diretores da emissora. Conversei como amigos e dei essa sugestão, que não é uma crítica. Se for considerada crítica, ela é construtiva.
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Qual é o maior desafio de se tornar presidente da Liga?
São muitos. O primeiro, o master, seria essa pandemia e eu espero que Deus nos dê essa dádiva, essa vitória. Depois é organizar tudo para que o Carnaval aconteça em fevereiro mesmo ou então em julho. Eu tenho muita confiança que até o mês de julho a gente já tenha uma definição e eu posso te garantir uma coisa: o próximo Carnaval vai ser um dos maiores espetáculos por causa da vontade e ansiedade das pessoas de curtir a folia. As pessoas estão sedentas pela festa mais popular brasileira.
O Carnaval de julho foi cancelado pelo prefeito. Achou uma decisão acertada?
Sim. Eu fui favorável ao cancelamento porque achava que a decisão seria para melhorar a situação do Rio com mais turistas, ocupação da rede hoteleira, trazer trabalhos para os funcionários dos barracões, mas não daria certo. Foi uma decisão acertada.
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Qual foi o prejuízo pro Carnaval por conta da pandemia?
O Carnaval gera milhões de receita para o município e foi um prejuízo não só na parte financeira, como na parte social. Para nós, da Liga, foi um ano terrível porque não faturamos um centavo. Só pagamos contas para manter a instituição. Não é barato manter a Cidade do Samba. São despesas e mais despesas e a Liga não demitiu ninguém.
Acha que, se houver Carnaval no ano que vem, a festa terá que ser adaptada? Que tipo de adaptações?
Se o Carnaval tiver liberado em fevereiro ou em julho, ele tem que ser como sempre foi. Não pode ser limitado, não pode ser reduzido. Não se pode estabelecer um número de componentes, por exemplo. Tem que ser liberado! Temos que fazer um espetáculo da grandeza que ele sempre foi: com 4 mil componentes, no máximo seis alegorias, com mais luxo e mais riqueza. Não vejo um Carnaval adaptado ou em tamanho menor. Não vejo por aí.
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Quais as principais reclamações dos presidentes das escolas no momento?
Falta de dinheiro. Todo mundo reclama da falta de dinheiro e ela é uníssona. Está tudo parado e os barracões tem funcionários que estão sem receber. As escolas de samba não são uma máquina de fazer dinheiro o ano inteiro e com outras fontes de receitas. Essa fonte de receita é exclusivamente o Carnaval, que são as cotas da televisão, as cotas do patrocínio, bilheterias dos ensaios. Tem um ano que não entra nada e os barracões estão interditados. Mas graças a Deus, esse assunto está sendo encaminhado por conta da interdição da Cidade do Samba por falta de equipamentos fiscalizados pelo Corpo de Bombeiros e vai ser resolvido.
Você já foi vacinado contra a Covid-19. Já está mais relaxado com os protocolos de segurança?
Tomei semana passada. Estou relaxado, mas já estava antes porque eu tive a Covid-19 entre o Natal e o Ano Novo. Fui para o hospital, mas não aguentei ficar quatro horas e acabei voltando para casa e me tratei com acompanhamento de um médico, contratei uma ajudante, uma enfermeira e graças a Deus, em cinco dias eu estava liberado para voltar ao normal. Não perdi olfato, não perdi o paladar e nem tive problemas respiratórios. Agora, estou ansioso para a segunda dose no dia 7 de abril e aí eu vou ficar mais tranquilo.
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O seu programa 'Samba de Primeira' vai voltar?
Eu sempre digo que ele não terminou, ele deu um tempo. Tenho pensado em fazer um programa mensal daqui por diante. Tenho uma equipe e estamos discutindo sobre isso porque nesse formato dá para conciliar uma coisa com a outra e tudo vai dando certo.
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