Apesar da decisão da Liesa, especialistas de saúde descartam realização do Carnaval 2021
Liga decidiu realizar o carnaval em julho do ano que vem. Especialistas afirmam que não é possível prever uma data para a festa
Por O Dia
Rio - Especialistas e instituições de saúde descartam possibilidade de ter carnaval em julho do ano que vem, como decidido pela Liesa em plenário, na última segunda-feira, devido ao aumento de casos de covid-19 na cidade e a falta de uma vacina. Representantes da UFRJ e Fiocruz disseram, em audiência virtual da Comissão Especial do Carnaval da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que aconteceu no dia 6 de novembro, que apenas uma parte da população deve estar vacinada em julho do ano que vem e ainda não é possível prever uma data para o Carnaval 2021.
"Sou um defensor do carnaval, mas não há condições seguras para a realização do carnaval no próximo ano", disse Roberto Medronho, coordenador do Grupo Técnico de Covid-19 da UFRJ.
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A Fiocruz e o Grupo de Trabalho Multidisciplinar para o Enfrentamento do Coronavírus da UFRJ elaboraram, a pedido do presidente da Comissão de Carnaval, Tarcísio Motta (PSOL), um parecer técnico sobre os parâmetros, indicadores e critérios que devem ser observados para a definição de eventual nova data para o Carnaval. Com relação à nova data para a festa, segundo o documento, "só deve prevalecer se for assegurada a segurança sanitária da população carioca, com imunização por vacina".
A pesquisadora em saúde do Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde do COPPEAD/UFRJ e Membro do Comitê de Combate ao Coronavírus da UFRJ, Chrystina Barros, concorda que este não é o momento de pensar uma data para o evento.
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"Infelizmente, é um absurdo, é lamentável pensar agora em qualquer data para o carnaval do próximo ano. Nós estamos em franca subida do número de casos novos da doença, apesar de parecer, até o momento, que a mortalidade tenha diminuído, quer seja pelo manejo, quer seja porque agora as pessoas mais novas estão contraindo a doença, mas ainda estamos perdendo muitas vidas", afirmou.
A especialista ainda reflete sobre a possibilidade de um retrocesso na flexibilização.
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"É completamente irresponsável, é impensável, não existe nenhuma certeza da própria vacina e não é hora de pensar em festa. Os números de caso estão aumentando em muito. Talvez fosse momento inclusive de retroceder com uma série de liberações e flexibilizações que já aconteceram", explica Chrystina.
Tarcísio Motta (PSOL), presidente da Comissão Especial de Carnaval disse ao DIA, que o carnaval só pode ser realizado quando "tivermos segurança sanitária."
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"Enquanto a vacina não estiver disponível para toda a população, não teremos essa segurança. De acordo com a previsão dos especialistas, ainda não teremos um percentual significativo de pessoas imunizadas durante o primeiro semestre de 2021. É improvável que em julho a cidade possa realizar o carnaval", afirmou Tarcísio.
Vacina no primeiro semestre de 2021
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Desde o início do enfrentamento da pandemia no Brasil, a Fiocruz tem feito parte das diversas frentes nacionais e internacionais de busca pela vacina contra a covid-19. A instituição firmou um acordo com a biofarmacêutica AstraZeneca para produzir, no Brasil, a vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela Universidade de Oxford.
O contrato de Encomenda Tecnológica prevê a entrega de 100,4 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunização (PNI) para distribuição no SUS ao longo do primeiro semestre de 2021. Com a incorporação da tecnologia concluída, a Fiocruz terá a capacidade de produzir mais 110 milhões até o final do ano que vem. Apesar da previsão da vacinação no primeiro semestre do ano que vem, a pesquisadora Chrystina Barros afirma que o processo da vacina ainda vai levar um tempo.
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“Para que o carnaval aconteça, isso requer preparativo, isso requer aglomeração, e não existe ainda uma data para a vacina. Depois que acabar os testes, vai precisar ser liberada, precisa organizar uma rede de distribuição, será necessário pelo menos duas doses nas pessoas, com um intervalo entre essas doses. Então, não existe a possibilidade que a gente pense nisso agora, numa data concreta para se programar uma festa grande como a do Carnaval, que, ainda por cima, faz com que exista um cruzamento grande de pessoas devido ao turismo.”, afirmou.
Sem vacina, sem desfile
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Ao contrário da Liesa, a Sebastiana, liga dos Blocos de Rua do Rio de Janeiro, não tem uma data para sair às ruas da cidade festejando o carnaval. Segundo a Presidente da Sebastiana, Rita Fernandes, os blocos vão aguardar a vacina contra a covid-19 para desfilar.