Vereador Pedro DuarteDivulgação

A cidade do Rio de Janeiro esteve no centro das atenções globais, durante as últimas semanas, quando líderes das maiores nações do mundo debateram por aqui temas urgentes para toda a humanidade. Entre as conquistas, destaca-se o lançamento de uma aliança global contra a fome e a pobreza. No mesmo período, outro evento importante transcorria na Câmara Municipal: a apresentação e audiências públicas acerca da proposta de Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2025.
Em contraste com o discurso global do G20, o orçamento municipal de 2025 não apresenta, no entanto, soluções para os problemas sociais históricos da cidade. Pior: prevê cortes preocupantes em áreas essenciais. O programa de combate à fome e à pobreza, por exemplo, sofrerá redução de 10%, caindo de R$ 70 milhões para R$ 63 milhões no próximo ano. A Secretaria municipal de Assistência Social, que atende a população mais vulnerável, sofrerá cortes de R$ 18 milhões; e os recursos para a população em situação de rua cairão 54%. Já a Secretaria municipal de Trabalho e Renda, responsável pelos restaurantes populares, verá uma queda drástica: de R$ 8,4 milhões para apenas R$ 2 milhões.
A distribuição dos recursos expõe problemas estruturais que limitam a capacidade do município de atender às demandas reais da população. Com um orçamento total de R$ 46,9 bilhões, a LOA 2025 prevê queda de 23,68% em investimentos — essenciais para áreas como educação, saúde, transporte e urbanização.
Esse cenário preocupante reflete uma gestão que não prioriza os reais problemas da cidade. Os custos com pessoal, que consomem quase metade do orçamento, colocam o Rio de Janeiro perto do limite fiscal, comprometendo o presente e o futuro, ao restringir investimentos em áreas cruciais. A consequência disso é sentida pelos cariocas, que enfrentam desafios diários, tais como falta de creches, transporte público ruim e infraestrutura precária nas regiões mais vulneráveis.
Promessas de melhorias urbanas, como transporte aquaviário e concessão de parques, são positivas, mas não há garantia de execução em um orçamento tão apertado. Além disso, o histórico de baixa capacidade de implementar projetos estruturantes reforça a urgência de reavaliar prioridades. Seguem entre as mais prejudicadas áreas como saúde, marcada por problemas nos hospitais, e educação, afetada pelo déficit de vagas em creches e resultados ruins de aprendizagem.

A Câmara Municipal do Rio de Janeiro e a sociedade civil precisam acompanhar de perto o debate orçamentário. Mais do que números, o orçamento deve refletir as prioridades dos cariocas, assegurando a aplicação eficiente dos recursos. O planejamento financeiro da cidade não pode ser apenas um exercício técnico ou político, mas deve servir como instrumento para melhorar a qualidade de vida.
Sem gestão focada em eficiência, transparência e resultados, o orçamento da cidade do Rio de Janeiro pode se tornar apenas mais uma promessa vazia. É urgente tratar o uso do dinheiro público com o respeito que essa ação merece, priorizando os mais necessitados e construindo um futuro sustentável. Cada corte e gasto mal planejados trazem consequências reais: mais sofrimento para quem já enfrenta enormes desafios no dia a dia.