Vereador Pedro DuarteDivulgação

Todo começo de ano traz uma série de tradições: promessas de vida mais saudável, pagamento de dívidas, despesas com compra de material escolar e, inevitavelmente, o reajuste de impostos e tarifas, tais como IPTU, IPVA e transporte público. No Rio, o aumento das passagens de ônibus municipais já está em vigor, reacendendo debates sobre custos e sobre a qualidade dos serviços oferecidos.
Especialistas da área de transportes alegam que esse reajuste de tarifas alinhado à inflação se faz necessário para a sustentabilidade das contas públicas. O aumento atual, por exemplo, considera a inflação acumulada nos últimos dois anos, já que o valor não foi corrigido no ano passado. Ao aplicá-lo, evita-se que o subsídio público sobrecarregue os cofres municipais. Sem o subsídio, a tarifa hoje ultrapassaria os R$ 6,50.
Entretanto, a atualização das tarifas deveria vir acompanhada de uma contrapartida: melhoria na qualidade do serviço para cidadão. Não é o que acontece. O transporte público das linhas convencionais de ônibus tem falhado em oferecer serviço confiável e eficiente. Não podemos tolerar a perpetuação de problemas que afligem usuários há anos: atrasos crônicos, superlotação, redução de linhas sem planejamento e insegurança.
A redução e desaparecimento de linhas são exemplos claros de como a falta de planejamento prejudica passageiros. Resultado: deslocamentos mais longos, conexões precárias e um sistema que não atende às demandas da população. A violência também é preocupação constante. Você deve ter visto imagens do arrastão feito em ônibus na Barra da Tijuca na última semana. Roubos, assaltos e vandalismo afetam também os operadores, que muitas vezes se veem sem segurança para trabalhar.
Outro ponto crítico é a falta de integração entre diferentes modais. O transporte municipal sofre com falta de sinergia entre ônibus, BRT, trens e metrô, tanto em termos de itinerários quanto de tarifas. Essa fragmentação penaliza o usuário, que paga mais caro por deslocamentos e enfrenta dificuldades logísticas para atravessar a cidade. Isso sem falar dos ônibus sem ar condicionado, demanda que vai e volta sempre que começa o verão.
Para mudar essa realidade, o município deveria adotar medidas concretas. Uma prioridade deve ser a reestruturação das linhas, com base em estudos técnicos e consulta popular, para garantir que os trajetos atendam às reais necessidades. No campo da segurança, a integração entre prefeitura e governo estadual deve ser fortalecida. Iniciativas como o monitoramento por câmeras e maior presença de guardas municipais podem criar um ambiente mais seguro para usuários e trabalhadores.
Já a integração tarifária e operacional entre os diferentes modais deve ser a maior das prioridades. Um sistema único de bilhetagem, com preços mais acessíveis para integrações, é uma forma prática de reduzir custos para o passageiro e incentivar o uso do transporte público.
Ajustar os preços é uma medida que atende às exigências da administração pública, mas essa necessidade só será plenamente compreendida (e aceita!) quando os cariocas perceberem que os problemas estão sendo enfrentados com soluções reais e duradouras. Um transporte público de qualidade é a base de uma cidade mais justa, conectada e eficiente.