Pedro DuarteDivulgação para o on-line
O Estado do Rio de Janeiro enfrenta uma escalada da violência urbana. Só num período de quatro dias, entre 30 de janeiro e 2 de fevereiro deste ano, tivemos mais de 800 carros roubados. Isso dá uma média de 206 registros por dia. Os números alarmantes nos levam a pensar sobre o impacto negativo que isso tem na vida de cada cidadão, não só aumentando a sensação de insegurança de todos como também gerando mais peso no bolso do contribuinte.
Em 2024, foram mais de 28 mil roubos de veículos, maior número registrado nos últimos cinco anos, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). Bairros da Zona Norte, como Vicente de Carvalho, Pavuna e Bonsucesso, lideram as ocorrências na cidade do Rio. Mas o cenário é ainda mais crítico na Baixada Fluminense: Belford Roxo registrou 1.881 roubos, enquanto Duque de Caxias contabilizou 1.770 ocorrências no último ano. Já na Zona Sul do Rio, embora o número de registros seja menor, bairros como Catete, Botafogo e Gávea não estão imunes a esse tipo de crime.
O que esses números não mostram de imediato é que os carros roubados não são apenas revendidos para gerar receita para o crime organizado. Muitos deles são utilizados como frota do tráfico. O caso recente de uma BMW blindada, adaptada pelo tráfico e apelidada de "minicaveirão", deixa isso claro. O veículo, encontrado na Nova Holanda após meses de buscas, estava equipado com
sete buracos nos vidros, feitos para acomodar fuzis. Esse veículo era usado em confrontos contra a polícia e facções rivais.
sete buracos nos vidros, feitos para acomodar fuzis. Esse veículo era usado em confrontos contra a polícia e facções rivais.
Além de gerar ameaça constante à vida, esse cenário tem uma consequência indireta: o impacto financeiro no bolso dos cariocas. O aumento do número de roubos encareceu o valor das apólices de seguro de maneira gritante. Segundo a Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), o preço do seguro subiu drasticamente devido ao crescimento de 39% nos roubos de veículos no estado no último ano.
A diferença de preço entre as regiões é assustadora. O seguro de um Hyundai HB20 em Ipanema custa hoje R$ 3.850,41. Já em São Gonçalo, a cotação do mesmo seguro pode chegar a R$ 14.621,13. Na Baixada Fluminense, em Duque de Caxias, o valor está em R$ 8.542,98. No Méier, na Zona Norte, o custo é de R$ 5.869,41. Esse aumento torna o seguro inviável para muitas famílias, especialmente aquelas que moram nas regiões com maior índice de violência.
Mais do que uma questão de segurança pública, estamos falando de uma crise que afeta diretamente a mobilidade, os sonhos e a estabilidade financeira de milhares de famílias. Ser vítima de um roubo já é traumático, mas pagar mais caro pelo seguro ou sequer ter condições de contratá-lo é um fardo adicional.
O Rio precisa de um choque de realidade. Não há mais tempo para discursos vazios ou promessas genéricas. O Poder Público precisa agir com seriedade, fortalecendo a segurança preventiva, a inteligência policial e promovendo parcerias entre os governos municipal, estadual e federal. É necessário integrar dados, investir
em tecnologia, aumentar a presença policial e garantir uma fiscalização mais eficiente. Proteger a vida e o patrimônio das pessoas não é uma opção; é uma obrigação do Estado. O tempo das desculpas acabou. É hora de agir.
em tecnologia, aumentar a presença policial e garantir uma fiscalização mais eficiente. Proteger a vida e o patrimônio das pessoas não é uma opção; é uma obrigação do Estado. O tempo das desculpas acabou. É hora de agir.
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