Rio - A atriz Eliane Giardini, a Nádia de 'O Outro Lado do Paraíso', vai ver sua personagem viver uma reviravolta nos próximos capítulos. O casal 20 da trama das 21h, cúmplice na vida, nas fantasias e nas armações, vai se separar. A dona do salão e mulher do juiz Gustavo (Luis Melo) vai descobrir a traição dele e uma vida que ela desconhecia, já que ele é o tal 'sócio misterioso' do bordel.
"A Clara vai conduzir, ela leva Nádia até Mercedes, que diz para ela que muita coisa ruim vai acontecer, mas a vida dela vai melhorar depois", conta Eliane. "E ela acaba flagrando Gustavo no bordel", completa.
A matriarca cheia de personalidade jura vingança, se separa do juiz e vai dar o troco. A atriz entrega que Nádia decide ter um relacionamento com Odair (Felipe Titto). "Ela já tinha um olho comprido pra cima dele, nada que levasse tão a sério. A vida familiar era imexível. Mas a partir do que o marido faz, ela decide ter o caso e vai querer que todos saibam que ela está bem, por cima", observa.
ALTA VOLTAGEM
Será que vai pintar paixão entre a patroa e o funcionário? Eliane não arrisca palpite. "Não faço a menor a ideia. Walcyr (Carrasco) é um autor de alta voltagem", afirma. "Ele é um craque em termos de trama. Tocou em assuntos tabus, traumas. E tudo muito bem colocado, elaborado".
E Nádia vai perdoar Gustavo algum dia?
"Ela gosta muito dele. Eles se gostam, têm cumplicidade. O erro que ele cometeu é uma coisa que os dois podem repensar. Acho que, se voltassem, a família deles poderia ser configurada em bases mais verdadeiras", salienta a atriz. "Na verdade, não torço por nada. Estou me divertindo com a história. É obvio que acho que o mais lógico seria, passada a turbulência, esse casal se acertar. Vão ter um neto (o filho Diego, vivido por Arthur Aguiar, engravidou a prostituta Karina, interpretada por Malu Rodrigues), têm uma história. Mas a vida não tem nada de lógico".
E sobre o tema traição, a atriz não é radical. "Acho absolutamente perdoável uma traição. Nos casamentos longos, pode ser difícil excluir as paixões que possam ocorrer. Mas isso diz respeito a cada um. Tem que ter respeito e afeto", conclui.
SEM REJEIÇÃO
Ela comenta que, mesmo vivendo uma personagem preconceituosa, arrogante e por vezes de caráter duvidoso, nunca sofreu nenhum tipo de reação mais agressiva do público. "As pessoas são respeitosas comigo, na rua e nas redes sociais. Separam personagem da atriz", garante. "Até hoje, não sofri nada indesejado. Tudo bem que fico de segunda a sexta dentro do Projac, não dá muito tempo", diverte-se.
O fato é que ela não sabe se a mãe de Bruno (Caio Paduan) e Diego (Arthur Aguiar) vai ter alguma espécie de redenção na trama.
"Não sei se ela vai aprender com os erros. Quando me falam que conhecem pessoas com os traços da Nádia, dizem que não costumam melhorar. É que pessoas assim sempre arrumam um jeito de validar a narrativa que os conduz", reflete. "Acham que estão certos, e o outro é que não entendeu nada. Se colocam no papel de vítima, sempre os outros que fizeram".
PAPÉIS FORTES
Apesar das vilanias da personagem, é inegável seu carisma com o público. E assim tem sido na maior parte dos papéis na carreira de Eliane: personagens fortes e que despertam a empatia do espectador.
"Não sou como minhas personagens no dia a dia. Sou mais calma. Meus personagens são mais intensos do que eu", admite.
No ar simultaneamente no canal Viva com a reprise de 'Explode Coração', como outra matriarca, ela faz uma comparação entre as duas performances, separadas por 23 anos. "Ainda não deu tempo de ver. Acho legal, foi bem início da carreira. Comecei muito tarde na TV. É gostoso lembrar, sou bem contente com minha trajetória e minhas escolhas".
E Eliane faz um balanço da carreira até aqui. "Vivi personagens interessantes. E olha, se eu soubesse que ia acontecer tudo que aconteceu, teria tido menos angústia. Tinha medo que minha carreira não acontecesse. Mas hoje acho que não poderia ter sido melhor. Tive o privilégio de ver minhas filhas crescerem. E não vejo prejuízo em relação à carreira", festeja.
AVÓ ESTREANTE
Eliane é mãe de Juliana e Mariana, de seu casamento com o ator Paulo Betti. E se tornou avó recentemente, já que Mariana teve Antônio há quatro meses. "É uma maravilha ser avó. Não tem aquela barra pesada de acordar de madrugada. Dou banho, é gostoso cuidar, mas é light. A brabeira é com a minha filha", diz, bem-humorada. "E minha filha é muito tranquila. Antônio parece ser muito de boa. Sorridente, se alimenta bem, saudável. Como avó, estou aqui sempre de braços abertos para dar muito afeto".
Linda, leve e solteira aos 65 anos, a atriz divide o 'segredo' de tanta vitalidade com o amadurecimento.
"Aprendi a fazer limonada suíça da vida. Do que não tem alternativa. A outra opção, morrer, não quero. Então, vivo e procuro viver bem. Conservo uma coisa boa, a curiosidade. Isso faz com que fique mais leve. Não acho que o melhor já passou, acho que o melhor está sempre por vir. Quero ver o futuro do Antônio. Tenho bons exemplos para trabalhar até os 90 anos. Posso envelhecer bem e trabalhar lindamente", diz.
