Sergio Guizé diz que viveu Gael intensamente:
Sergio Guizé diz que viveu Gael intensamente: "na alegria e na dor"Raquel Cunha/TV Globo
Por BRUNNA CONDINI

Rio - De vilão a mocinho. Essa tem sido a trajetória do Gael do ator Sergio Guizé, em 'O Outro Lado do Paraíso'. O filho de Sophia (Marieta Severo) vem tentando reparar os erros. E na reta final da novela, o personagem vê sua jornada de autoconhecimento e redenção chegar ao clímax. Guizé fala da transformação do bad boy.

"Eu sabia que seria difícil, intenso, estou vivendo ele na alegria e na dor, na rejeição dos outros personagens e na delícia do amor sublime", diz o ator. "Cada semana era esperada com muita ansiedade, pois a cada bloco novo eu criava a expectativa de um novo Gael, mais equilibrado, ou ficava aflito pensando em como interpretar mais uma de suas desastrosas explosões", coompleta.

Na trama de Walcyr Carrasco, Gael veio para mostrar que mudar é possível. E o ator paulista de 37 anos acredita nisso? "Acredito na redenção de todo ser humano, acho que tem os dois caminho, é só você escolher o caminho certo. Penso que sempre o caminho certo é o da luz, do bem. Acho que todo mundo tem uma oportunidade. Viver o presente como se fosse uma dádiva, uma bênção e tentar construir o futuro a partir desse presente, enfim, tem possibilidade", reflete.

Nos emocionantes últimos capítulos, Gael ficou ao lado de Clara (Bianca Bin), enfrentou Sophia, porque acreditava que, mesmo sendo sua mãe, tinha que pagar pelos crimes que cometeu. Sergio comenta como agiria na pele do moço da ficção e diz se conseguiria denunciar caso alguém tão próximo cometesse um crime. "Em primeiro lugar, iria tentar a redenção coercitiva", afirma, bem-humorado. "Se não alcançasse o resultado desejado, denunciaria com certeza, ainda nesse caso, que a envolve em assassinatos".

Gael quer ser mesmo uma pessoa melhor e, nas derradeiras cenas do folhetim, ele faz de tudo para salvar o filho, Tomaz (Vitor Figueiredo), de um sequestro. Tanto que enfrenta Renato (Rafael Cardoso), que morre. O mote da novela é ‘a lei do retorno’ — “tudo que você faz, um dia volta para você”, como diz a música ‘Boomerang Blues’, de Renato Russo. E Guizé, acredita na tal lei? “Acredito no amor. Procuro jogar o amor para voltar para mim. Isso meus pais me ensinaram desde pequeno: ‘Plante o que você quer colher’”.

VISIBILIDADE

O autor Walcyr Carrasco abordou temas que ainda precisam estar no centro do debate, como racismo e violência contra a mulher. Guizé divide as impressões da experiência de viver um agressor. “O personagem tem uma função social, temos que debater sobre isso, meter a colher, sim, denunciar. A maioria dos personagens sabiam o que acontecia com a Clara e esperaram o pior para tomar alguma atitude, isso também é crime! Tenho muito orgulho de falar de temas tão complicados como o racismo, a violência e o preconceito através da arte. Saímos com certeza mexidos desse delicado processo e com a mesma fé do início de que a legitimidade dos direitos das mulheres é também a minha luta”, diz.

E o ator completa: “O Gael traz consigo uma mensagem de que não há mais espaço para truculência e violência na sociedade atual. Ele se regenerou pelo amor.” No final, Gael não fica com Clara. Após ser dispensado pela mocinha, ele se muda para o Rio de Janeiro, onde conhece Taís (Vanessa Giácomo), que está fugindo do marido agressor. Ele não só ajuda a vítima como a leva para a delegacia de mulheres e ainda enfrenta o marido dela. Gael instala a moça em um hotel, conta sobre o passado dele, pede que ela confie nele e promete tomar conta dela dizendo que nunca lhe fará mal. E os dois acabam se beijando.

“Eu penso que a Clara perdeu o homem que o Gael se tornou, e o grande homem e pai que ele vai se tornar. Também perdeu o fantasma do abuso e da violência, fantasma, sim, porque ele vem mudando cada vez mais, fazendo coisas grandes para o bem”, diz. 

Sobre as especulações de estar ou não namorando Bianca Bin, o ator comenta: “Existe essa curiosidade sobre a vida alheia, isso sempre vai existir e é natural. Mas acho que o trabalho deve vir antes de tudo. Minha vida não pode ser mais interessante do que os personagens que faço”.

MULTIFACETADO

Guizé concilia as carreiras de ator, artista plástico, com mais de 30 quadros no acervo, e músico — canta e toca guitarra na banda de rock Tio Che há 17 anos. Após a novela, ele lança três filmes, ainda este ano, e volta ao palco. “Pretendo viajar com a peça o ‘Oeste Verdadeiro’, que fiz com a companhia de teatro Cemitério de Automóveis”, conta. “Também vou lançar no segundo semestre o CD com a minha banda, chamado ‘Tudo Sagrado’”.

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