Por daniela.lima

Rio - Oitenta e cinco anos de vida, sessenta de carreira e muita história para contar. Em ‘Nathalia Timberg — Momentos’ (Ed. M Books, 144 págs. R$ 35), biografia que será lançada nesta quarta-feira, às 19h30, no hotel Golden Tulip Regente, o jornalista Cacau Hygino faz um relato da trajetória da atriz. O livro, no entanto, não traz lembranças da vida pessoal da diva, que, avessa a falar sobre sua intimidade, dedica-se mais à carreira. “Não sou o meu tema preferido”, diz. 

Nathalia com o autor do livro Cacau Hyginoarquivo pessoal


Nada que tire o brilho da obra, uma viagem desde a década de 30, quando a então menina começou a fazer teatro, até os dias de hoje. Um detalhe que chama atenção está ligado ao fato de a atriz não ter sofrido nenhum tipo de preconceito familiar ao optar pela carreira artística, decisão quase nunca vista com bons olhos em tempos distantes. “Meus pais eram europeus, então tinham outra visão do teatro. E eles achavam que eu seguiria outra profissão em paralelo”, recorda a atriz carioca, filha de mãe belga e de pai holandês.

Verdade seja dita, a arte de representar quase perdeu uma das suas maiores representantes para a Medicina. “Quando criança, tinha quase certeza de que seria médica. Mas essas duas profissões têm tudo a ver. O foco do médico e do ator é um só: o ser humano”, explica.

Em encontros semanais que duraram dois meses, em tardes regadas a chá e bolo, Cacau procurou desvendar o ser humano Nathalia Timberg através dos seus trabalhos. “Ela é uma pessoa de alma simples, um ser humano incrível e a maior atriz dramática do país. Nathalia é a enciclopédia do teatro”, elogia.

E por que não denominá-la também a enciclopédia da TV? Nathalia foi personagem principal de um dos momentos mais marcantes da história da teledramaturgia nacional. Em 1964, a novela ‘O Direito de Nascer’, que tinha a atriz como a mocinha da trama, parou o país e teve o seu último capítulo exibido no Maracanãzinho para uma plateia lotada e eufórica. “Esse tipo de reação é inexplicável. Essa novela teve uma importância muito grande na minha carreira, porque me deu a real dimensão da força do veículo. ‘O Direito de Nascer’ foi um marco”, recorda. 

Com Fernanda Montenegro em ‘A Muralha’ (1968)arquivo pessoal


O sucesso desse trabalho fez com que Nathalia se tornasse, definitivamente, uma atriz famosa. “A fama deve ser olhada apenas como uma maneira de aferir se houve comunicação ou não com o público. A fama é traiçoeira, às vezes ela acontece para o que não tem importância e passa longe do que interessa. Sempre procurei ter uma carreira sólida, não a fama”, comenta. O biógrafo da atriz assina embaixo.

Nathalia é de um tempo em que aparecer na mídia não era um objetivo. O tempo dela é de ralação pura. Por isso, Nathalia tem fama de ser exigente. Ela gosta de tudo bem feito”, conta Cacau Hygino.

Não por acaso, a atriz aplaude a chegada das novas tecnologias, mas tem um certo saudosismo em relação à forma como se fazia TV antigamente. “Sinto saudade do conteúdo, que era bem mais profundo”, analisa.

Mas se as produções atuais andam carentes, pelo menos sob a ótica da veterana atriz, tudo pode mudar no ano que vem. Em 2015, Nathalia vai fazer par romântico com Fernanda Montenegro em ‘Babilônia’, novela das 21h de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga. “Já fiz trabalhos memoráveis com o Gilberto e o Ricardo. Tenho certeza que ‘Babilônia’ será uma novela interessantíssima, com temas importantes a serem discutidos. Mas o que mais me instiga é esse reencontro profissional com a Fernanda. Espero que vejam o casal que formarei com a Fernanda como um casal normal, com problemas comuns a qualquer ser humano”, torce.

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