Por karilayn.areias
Othon Bastos como o espírito de ‘Além do Tempo’%2C que dá conselhos a Emília (Ana Beatriz Nogueira)Divulgação

Rio - Othon Bastos detesta uma molezinha. Aos 82 anos, ele não quer saber de férias. Praticamente emendou uma novela na outra ao roubar a cena em ‘Império’ como o vilão Silviano e ao dar vida, atualmente, ao mestre espiritual em ‘Além do Tempo’. “Eu quero não ter descanso. Na minha idade, já têm poucos personagens para serem feitos. Hoje em dia, os autores escrevem para jovens. Avô tem 50 anos, então eu, com 82, devo ser bisavô, tataravô. Cada vez mais digo que não quero parar, porque estar fora do ar me dá a sensação de que estou em casa, de pijama, jogando gamão”, diverte-se Othon. “Trabalhar é importante. Como diz Fernando Pessoa, trabalhar é trabalhar-se”, acrescenta.

Na trama das 18h, de Elizabeth Jhin, o ator aparece como Mestre, um ser evoluído que mostra os caminhos do bem a serem seguidos. “Ele aparece em vários lugares ao mesmo tempo, mas não é um espírito. Aparece em forma de pessoa para os outros”, explica. A espiritualidade é um assunto que envolve o ator. Ele comemora o fato de o tema ser debatido na grade da emissora e afirma que acredita em reencarnação. “Estou engatinhando na evolução. Sempre acho que a gente tem a aprender mais. Isso é diferente de religião. A religião é uma coisa que castra muito você, porque tem que seguir dogmas e fica preso naquilo. A espiritualidade está acima disso tudo, não é preciso ir à igreja para ter fé. A alegria, por exemplo, já é uma oração”, justifica o ator.

Fora das telinhas, ele passa longe de ser um aconselhador como seu personagem. “Na novela, o mestre é um conselheiro, mas eu não sou assim. Acho que para isso existe o livre arbítrio, para que você cuide da sua própria vida e seja o senhor dela. Eu posso dar uma opinião se você me pedir, mas não posso te influenciar. E você também aceita ou não. Mas acredito que sempre quem pede alguma coisa é porque está necessitado”, avalia, com a tranquilidade que lhe é peculiar.

A novela de época faz Othon reviver alguns momentos de sua carreira. Ele já perdeu as contas de quantas tramas de época já atuou: “É lindo fazer uma novela de época, tantas eu fiz. Só com o Papinha (diretor) foram três. Cada vez que gravo, fico me lembrando de ‘Cabocla’ (2004), ‘Sinhá Moça’ (2006). E a Elizabeth escreve muito bem, tem um feeling muito bonito para falar da espiritualidade.” A boa média da trama no ibope (em torno de 25 pontos) é motivo de comemoração para Othon. “É um prazer para o telespectador sentir que ainda tem alguém pensando na espiritualidade, não só na violência, no tiro, na morte, no sexo. É gente que pensa no romantismo, no amor. Isso é uma coisa linda”, festeja.

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