Publicado 06/12/2020 16:14
Rio - Marcius Melhem, de 48 anos, voltou a se defender das acusações de assédio sexual, neste domingo. Após admitir que já foi tóxico e chamar o assédio narrado por Dani Calabresa de "fantasioso", o ex-diretor admite "muitos erros", diz que quer repará-los e pede o benefício da dúvida até tudo ser esclarecido.
Em uma nota, enviada colunista do Uol, Ricardo Feltrin, por meio da assessoria de sua defesa, Marcius diz ser vítima de um "linchamento" e critica as acusações em "off" que o jornalista fez a ele.
As acusações de assédio envolvendo o humorista ganharam força após um relato escrito pelo jornalista João Batista, da revista piauí. O jornalista divulgou que, em uma festa da Globo, Marcius teria imobilizado Dani Calabresa para forçar um beijo. Várias pessoas presenciaram o caso.
Ao todo, publicação informou que conversou com 12 vítimas de Melhem, sendo duas de assédio sexual, sete de assédio moral e três que sofreram os dois tipos de violência.
Veja a carta na íntegra:
Caro Ricardo, Li sua análise baseada em fontes anônimas de que de autor dedicado virei um "predador" que encurrala mulheres nos corredores da TV ao me tornar executivo, há 3 anos. O off é um recurso consagrado, mas poucas vezes na história foi usado tão sem parcimônia para destruir uma pessoa sem abrir espaço para a dúvida e o direito de defesa. Permita-me, por favor, chamar sua atenção para alguns pontos.
1 - Eu não fui executivo da TV Globo por três anos, mas por um ano e meio.
2 - Na matéria da Folha, assinada pela colunista Mônica Bergamo, está dito que a maioria das situações relatadas, inclusive a da Dani Calabresa, teria acontecido antes de eu ser diretor. E agora esse grupo do off diz que eu teria mudado e me tornado um predador quando me tornei executivo da empresa.
3 - A expressão "encurralar vítimas em corredores" tem sido repetida a todo momento. Conheci poucos lugares no mundo com mais câmeras do que a Rede Globo. Que corredores são esses? Ninguém passa por eles? Jamais isso foi visto ou relatado? Na revista Piauí me acusaram, em off, de invadir o camarim do Projac para ver a Dani Calabresa de maiô em uma gravação que, na verdade, aconteceu sem minha presença, em ambiente externo, a vários quilômetros do Projac (nota: a coluna havia usado a expressão "encurralar em corredores", mas a retirou por não haver provas materiais até o momento).
4 - Seu texto adjetiva a matéria da "Piauí" como "brilhante". É uma opinião, devo respeitá-la, mas, se for possível, permita-me dizer que o fato de ter muitos detalhes não a torna verdadeira. Aliás, a Monica Bergamo, citada na Piauí, foi ao Twitter no mesmo dia explicar que a pequena parte que citava ela estava errada. Imagine a minha parte!
Ricardo, muitos foram meus erros. Quero reconhecê-los e me responsabilizar por eles. Mas permita-me fazer um apelo à consciência daqueles que lincham sem considerar o direito à dúvida, baseados em uma narrativa sem provas e sem considerar a hipótese de haver motivações inconfessáveis por trás de acusações anônimas.
Vilão ou vítima?
Em sua coluna, Ricardo Feltrin ainda fez uma crítica a Melhem dizendo que em apenas 48 horas, ele "está conseguindo trocar a própria posição: não é nenhum vilão, e sim também uma vítima, um incompreendido, um injustiçado".
Devido a isso, ele questiona se o futuro de Dani Calabresa está ameaçado com essa "inversão da culpa", já que a humorista teria "causado o escândalo". Feltrin, então, pede que ela seja protegida da própria Globo e de seus detratores covardes internos.
Marcius Melhem, inclusive, já anunciou que vai entrar na Justiça contra Dani Calabresa e a advogada Mayra Cotta, que representa seis mulheres que o acusam de assédio moral e sexual. Ele quer que elas provem as acusações.
Apoio dos amigos
Mesmo com o relato chocante de Dani, Feltrin diz que Melhem está recebendo apoio e solidariedade de muitos famosos da Globo, sendo a maioria da área de humor. Ele, no entanto, não deu nomes.
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