PériclesLana Pinho / Divulgação

Rio - Após um ano e meio, Péricles retornou aos estúdios para gravar o álbum "Calendário". O novo trabalho do cantor, de 54 anos, tem oito faixas; sendo uma delas uma homenagem a Rita Lee, que morreu aos 75 anos, em maio deste ano, vítima de câncer. Quatro músicas já foram divulgadas e estão na boca do povo: "Ainda Me Iludo", "Suspeitei do Cara", "Na Minha Pele" e "Daquele Jeitão". Ao DIA, o artista celebra o sucesso do projeto, fala sobre a escolha do repertório, brinca sobre a fama de fazer os fãs "sofrerem por amor" ouvindo suas canções e abre o jogo sobre a carreira de ator. Confira!
Existe um motivo especial para o nome desse álbum ser "Calendário"?

A gente precisava de um nome e pegamos uma canção feita por mim, Lucas (seu filho) e Clayson (sobrinho) para intitular esse álbum. Essa era uma música que a gente tinha feito há um tempo. Eles me mostraram e eu não lembrava dela, que era minha. Depois de lembrar dessa canção, achei que calendário tinha a ver com essa espera, de ficar olhando o calendário esperando alguma coisa chegar. Depois de 'Céu Lilás', eu não tinha mais feito um trabalho de estúdio. E agora, depois de uma espera, esse momento chegou.
Fazer um trabalho em estúdio tem menos pressão? 
Na realidade, eu gosto de um show, o show é o melhor lugar. Gosto de estar em um ambiente que permita a gente a criar, de qualquer forma. O estúdio me dá mais liberdade de errar menos, num show mais ao vivo fico mais tenso, sou mais criterioso. No entanto, estou muito satisfeito com esse trabalho em estúdio. Foi muito gostoso fazer esse álbum. 
A primeira música divulgada do novo álbum foi "Ainda Me Iludo", que conta com um clipe lindo. É sua missão na vida fazer a galera, que nem sofre por amor, "sofrer" ouvindo suas músicas?
Se eu tenho uma função na vida, é essa! (risos). Fazer as pessoas sofrerem por amor, mesmo que elas nem estejam sofrendo. O bom é que o brasileiro gosta de sofrer sambando.

Lançada no mês passado, "Ainda Me Iludo" tem gerado uma série de vídeos divertidos nas redes sociais. Até você entrou nessa onda e arrancou risadas dos seguidores com o vídeo se iludindo que a louça na pia tinha acabado. Gosta de acompanhar essa parte do pós-lançamento e entrar na brincadeira?

Eu gosto, me divirto. Embora a música fale amor, as pessoas estão levando em consideração outro temas para criar os vídeos. E não tem nada errado nisso. Os memes que são criados, principalmente, comigo sempre tem amor e respeito. Não quero ser um cara chato e crítico. A gente com os memes torna até a divulgação mais leve e orgânica, de certa forma.
Você e seu produtor ouviram cerca de 800 músicas de inúmeros compositores e chegaram a sete delas para o álbum. Como funciona esse processo de escolha, Péricles?
Repertório você não fecha, abandona. A gente ia escolher seis canções apenas. Mas tinha uma que não podia faltar que era "Ainda Me Iludo". E além desta sétima tinha a homenagem à Rita Lee, com "Desculpe o Auê". Então, ficaram oito músicas nesse álbum. 
Como já citado, a faixa-título "Calendário" é assinada por você, seu filho, Lucas Morato, e o sobrinho, Clayson Leandro. Como é trabalhar em família?
É uma honra, um privilégio. Eles cresceram no universo da música e são excelentes profissionais. A gente senta pra bater papo e sempre rola uma música. Costumo dizer que, no meu trabalho, prefiro um disco bom do que um disco só meu. Gosto de ter outras ideias, outros compositores. Isso faz com que o trabalho cresça. E ter os familiares nesse álbum torna tudo ainda mais especial. 

Conte, por favor, o que representa homenagear Rita Lee? 

Eu conheci a Rita, o Beto (Lee), o Roberto (de Carvalho)... Essa homenagem para ela é mais do que justa, perto de tudo o que ela fez musicalmente. Uma mulher à frente do seu tempo, compunha muito bem, cantava muito bem... A Rita é um ícone. 
Você tem uma música queridinha nesse álbum? 
Todo o álbum é bacana. Mas eu cresci ouvindo "Desculpe o Auê", então, tem esse apelo. Assim como minhas músicas têm apelo para muita gente. Gosto muito de "Ainda Me Iludo" também porque o clipe ficou lindo. E tem uma música que se chama "Essa Não", que tem composição do Thiaguinho, Índio e Daniel Miranda. Há muito tempo essa música existia, desde quando a gente estava no Exaltasamba. Acho que o público vai gostar muito! 

A música "Mal Acostumado" está na trilha de "Fuzuê", da TV Globo. Você ainda se surpreende em ver suas gravações em novelas?

Eu gosto muito e nunca vou me acostumar. Eu luto para entregar um bom trabalho para o público e colho o resultado disso todos os dias, em todos os lugares que vou.

O público sempre ainda se impressiona com sua versatilidade. Sua apresentação no "Música Boa Ao Vivo" cantando "Stand By Me", por exemplo, ainda é assunto nas redes sociais. Há até quem peça um trabalho seu em inglês. Há chances disso acontecer? 
Olha, não está nos planos...

Carreira internacional é um desejo?
Sabe que nunca parei para pensar em uma carreira internacional? Sempre quis que meu trabalho chegasse o mais longe possível, os resultados chegam e a gente se surpreende. Só quero ver meu trabalho cada vez atingindo as pessoas, nada mais. E, se alcançar pessoas do exterior, melhor ainda. 

Cada vez mais temos visto você fazendo clipes, vídeos para redes sociais e até filme. Está gostando de ser ator?

Gosto da ideia, de atuar. Tive a chance de participar de um filme, "Barraco de Família", participei de uma minissérie ("Candelária", na Netflix). E nos clipes, se tenho a chance, atuo também. A mosquinha da atuação já me picou. A gente não pode se fechar para as oportunidades.
Você tem facilidade para gravar os textos, assim como decora as músicas? 
Não tenho dificuldade em decorar o texto. Mas a questão é dar a entonação daquilo que o texto pede. Então, procurei estudar bastante e sempre faço o melhor que posso, me dedico muito mesmo.