Por tamyres.matos
Rio - Elizabeth Savalla é pura empolgação quando fala de sua personagem em ‘Amor à Vida’: Márcia, conhecida como a ex-chacrete Tetê Para-Choque e Para-Lama. Diante do sucesso na novela, só uma coisa a entristece: as críticas feitas pelas ex-dançarinas do Chacrinha, como a de Verinha Furacão, publicada ontem na coluna Telenotícias.

“Soube que várias delas estão chateadas porque a Márcia já se prostituiu. Gente, se o vilão gay (Mateus Solano) é mau-caráter, não quer dizer que todo gay é assim. A mesma coisa acontece com as chacretes”, rebate a atriz.

Márcia (Elizabeth Savalla) com a filha Valdirene (Tatá Werneck)Divulgação

“Novela é ficção. Se a Márcia foi prostituta, não quer dizer que toda chacrete se prostituiu”, enfatiza. “A minha versão é uma grande homenagem às pessoas que passaram pela vida com dificuldade, sem apoio de ninguém. A Márcia vende cachorro-quente, foge do rapa e faz de tudo para se virar e criar a filha (Tatá Werneck)”, explica.

Sem papas na língua, Elizabeth confessa que teve medo de interpretar Tetê. “Falei para os autores: ‘Não quero fazer uma caricatura e cair em estereótipos, quero dar dignidade a essa mulher’”, lembra. “Márcia é uma personagem muito complexa de ser feita”, garante a atriz, que procurou Rita Cadillac para entender melhor sobre a vida das chacretes e os motivos que fizeram muitas delas irem da fama ao anonimato.
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Durante o bate-papo, Rita contou que Chacrinha (1917-1988) as valorizava, ressaltando o que cada uma tinha de mais marcante. Elas ficaram famosas, mas, quando acabou o ‘Cassino do Chacrinha’ (1988), muitas ficaram sem emprego. “Vi vídeos no ‘YouTube’ sobre elas e cada uma levou um tipo de vida após a fama.
No caso da Márcia, ela se considera famosa até hoje”, comenta Elizabeth, que critica o atual culto às celebridades e acredita que o sucesso é algo muito perigoso. “Tem muita gente que me diz: ‘Minha filha é linda, tem que ser atriz’, aí eu falo que, se ela é linda, tem que ser modelo! Minha profissão não tem glamour, isso é coisa de revista e jornal. Ainda bem que TV não tem cheiro, porque ator sua, viu?”, diz, bem-humorada.
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Com 58 anos e 39 deles dedicados à carreira, na época em que Elizabeth escolheu as artes cênicas, chocou o seu pai, Francisco, e quase foi deserdada. “Quem trabalhava nesse meio era considerada prostituta. Mas eu escolhi essa profissão porque, para mim, o palco era como um palanque, tinha a ver com política. Éramos uma classe pequena e engajada. Quem quisesse ser celebridade era execrado na época”, diz Elizabeth, que sintetiza: “Nunca quis ser capa de revista, aconteceu”.
A atriz, que já deu vida a mulheres supervaidosas como a primeira-dama Minerva, de ‘Morde & Assopra’ (2011), e a dondoca Rebeca Ferraz, de ‘Sete Pecados’ (2007), diz não estar nem aí com a aparência física mais castigada de sua personagem no novo folhetim de Walcyr Carrasco.
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“O fato de ficar mais gorda, eu realmente gostei. Ano passado foi muito barra pesada para mim. Entrei na menopausa, operei a tireoide por causa de um hipertireoidismo. E, até acertar os hormônios, meu amor...”, revela Elizabeth, que, além disso tudo, também perdeu o pai.
“Quando chegou em outubro do ano passado, eu já sabia que ia fazer a novela. Fui para a Europa com a minha mãe, passei quase um mês viajando. Lá, comemos bem e bebemos muito vinho, o que colaborou bastante com os quilinhos a mais da personagem”, diverte-se.