Por daniela.lima

Rio - Se Dona Redonda ficou deprimida ao se pesar na balança da farmácia de Cazuza (Marcos Palmeira) e constatar que perdera 200g, passando para 249,8kg, o mesmo não aconteceu com sua intérprete, Vera Holtz, que se livrou de 10kg após ‘Avenida Brasil’, na qual interpretava Mãe Lucinda. A atriz, aliás, não descuida da alimentação, nem mesmo durante as cenas de sua personagem rechonchuda que em breve irá explodir. 

Para controlar seu peso%2C nem tudo o que Vera Holtz come nas cenas de Dona Redonda em é doce Divulgação


“Ainda tenho um sobrepeso. Não posso engordar mais, pois preciso de condicionamento físico para ‘aguentar’ a Redonda, que tem sete horas de ‘vida’. Se passar disso, ela se desmancha toda”, conta Vera, ressaltando que seu trabalho depende totalmente da equipe de produção. “Sempre digo isso nas entrevistas, mas nunca colocam”, reclama.

Para resistir aos inúmeros doces, preparados especialmente para as cenas da personagem, Vera, de 59 anos, precisa de muita disciplina. Como a Dona Redonda está sempre mastigando alguma coisa, a equipe responsável pelos quitutes é rígida na seleção dos ingredientes. “Os doces dela são coloridos, lúdicos. Abrem o apetite de qualquer um. Então, tivemos que ter um cuidado especial para que a atriz não comesse açúcar em excesso durante as gravações. Alguns alimentos com cara de doce são, na verdade, salgados. Ou seja, são doces apenas esteticamente; seu interior é salgado. Ingredientes como o chantilly, por exemplo, são substituídos por cream cheese. Desenvolver esses alimentos foi fundamental para preservar a boa alimentação e a saúde de Vera”, esclarece o produtor de arte Guga Feijó.

SEM PERDER O SABOR

Segundo ele, apesar das adaptações, os doces vistos indo à boca da mulher de Seu Encolheu (Matheus Nachtergaele) são muito saborosos. “Ela não come somente por fome, mas principalmente por gula e prazer. A Redonda mostra desejo pela comida. Então, era importante que os doces tivessem esse propósito, que deixassem isso bem claro não só na sua estética. Queríamos que a Vera sentisse o mesmo ao comer alguma coisa. Sabemos que ela poderia fingir bem, afinal, é uma excelente atriz. Mas nossa preocupação foi que ela também gostasse de tudo”, explica Feijó. 

'A Redonda tem sete horas de ‘vida’. Se passar disso%2C ela se desmancha toda'%2C diz Vera HoltzDivulgação


Prestes a explodir (a cena tão aguardada deve ir ao ar em 20 dias), Dona Redonda tem feito sucesso nas ruas. “Para as pessoas, ‘Saramandaia’ ficou como a novela da mulher que explode (Wilza Carla interpretou a personagem na versão de 1976). Outro dia, uma mulher me parou na rua e disse, emocionada, que sempre escutava da mãe: ‘Não coma tanto, senão você vai explodir igual à Dona Redonda’”, conta a atriz, que encara o papel com leveza. “A questão da obesidade da Redondinha é tratada de forma engraçada. A Santana (‘Mulheres Apaixonadas’, 2003), sim, tinha o drama do alcoolismo. No final, fui convidada para dar palestras em clínicas de reabilitação”, lembra.

Namorando há cinco meses o médico pernambucano Roberon Ignacio, Vera conta que ele tem entrado na brincadeira. “Ele é muito bem-humorado. Diz que fica feliz em só ter que me disputar com o Encolheu e me chama de Dondinha”, diverte-se.

Vera teatral

Quando não está sob os muitos quilos a mais de Dona Redonda, Vera Holtz se dedica ao teatro. Amiga do escritor Bartolomeu Campos de Queirós, a atriz foi recrutada pelo próprio para colaborar com a adaptação do romance ‘Vermelho Amargo’ para os palcos.

Morto no ano passado, Bartolomeu não chegou a assistir à adaptação. A peça, que narra o amadurecimento de um homem assustado pela perda de sua mãe, reestreia quinta-feira, às 19h30, no Teatro Eva Herz, no Centro, e fica em cartaz até dia 31 de agosto.

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